Passava pouco do meio-dia de hoje quando o sacerdote
concelebrante, padre Pedro Santos, capelão do Hospital dos Covões, deu início
às exéquias de corpo presente de Jorge Lemos, ex-vereador e ex-deputado da
Câmara Municipal de Coimbra e, sobretudo, uma pessoa muito humilde, prestável e
sempre disponível e que a muitos deixa saudades.
Com o interior da igreja de São
Martinho e o terreiro, no exterior, completamente repletos, centenas de amigos,
conhecidos e simpatizantes do também presidente da Casa do Povo da mesma
localidade e dormitório de Coimbra, quiseram prestar a última homenagem ao
homem simples e prestimoso que diariamente percorria as ruas calcetadas da
Baixa da cidade. Desde toda a máquina local do Partido Socialista, incluindo Manuel Machado, presidente da edilidade conimbricense, até figuras de proa do PSD, muitos marcaram presença.
Depois dos Ritos Iniciais seguiu-se o Rito
da Palavra com as primeira e
segunda leituras, muito a propósito sobre o efémero da existência, sobre a “Epístola de São Paulo aos Coríntios”
–Paulo de Tarso, Saul de Tarshish, como era conhecido este fariseu que
perseguiu os cristãos até que um dia, às portas da cidade antiga de Damasco, na Síria, teve uma cegueira
temporária e que viria a contribuir para a sua conversão e a ser um dos pilares
da então igreja cristã através da sua carta, com trinta capítulos, aos
Coríntios, na Grécia da antiguidade, e dada a conhecer ao mundo nos anos 50 da
nossa era.
No seguimento, veio então nesta
celebração litúrgica da homilia, a exortação fundada nas leituras, pelo pároco
Pedro Santos. De uma riqueza sem precedentes, para quem tomou atenção, foi um
momento de rara beleza pela mensagem de fé aos crentes e não crentes. De
memória, deixo algumas passagens do sermão do pároco do Hospital dos Covões: “ontem uma senhora veio ter comigo e interrogou:
“padre porque é que a minha menina, tão nova e tão linda, estando doente, sofre
tanto? Será que vai morrer?”. Eu respondi que não sabia. Mas, acontecesse o que
acontecesse, tal seria o desígnio do Senhor. Somos todos peregrinos nesta
caminhada. Não somos donos de nada, nem sequer da nossa vida –repare-se que
aquela senhora, mesmo que queira, não pode dar a sua pela da menina! Não é por
acaso que esta igreja está cheia de pessoas. Quem aqui está não veio apenas por
vir, ou pelo facto de ser simplesmente um funeral. Vieram porque o Jorge Lemos
foi de facto uma pessoa que de algum modo os marcou. Já tenho tido aqui
funerais de pessoas que eram muito ricas, no entanto, à sua volta, tinham meia
dúzia de acompanhantes. Nós valemos por aquilo que desempenhamos na entreajuda
aos outros. Tudo o que é visível desaparece e só o que é invisível, o que está
dentro de nós na bondade, prevalece e é eterno. Este homem, que eu conheci bem,
era assim: obrigado Jorge pelo que foste!”
Foi também lida uma sentida carta, de
exaltação e despedida, por Maximino Morais, que arrancou um forte salva de
palmas para o consagrado e bom amigo Jorge Lemos. Aqui envolvida pelas
bandeiras da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e da Câmara
Municipal de Coimbra, a urna com os seus restos mortais fica em jazigo de
família no cemitério de São Martinho.
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