terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

FALECEU A SENHORA GEORGINA



Durante anos e anos, a fio, em encontro de vizinhos, passou por mim nestas ruelas estreitas. Sempre que me via, com uma generosidade sem limites, parava e fazia-me uma festa prazenteira de palavras e acompanhada de um cumprimento: “olá, senhor Luís! Como é que está? E a família? Está tudo bem?”. Naturalmente, respondia com agrado à sua tão viva e marcante saudação. Talvez num egoísmo sem sentir, nunca procurei saber nada desta senhora. Nem o seu nome eu conhecia. Sabia apenas que morava numa destas ruas estreitas. Quando falava com ela apreendia o seu lado pachorrento e bom, com a mesma intensidade que se vê e ouve e recebe a mensagem de paz da água límpida a correr no riacho. Dava gosto. Era um contentamento para a alma.
Hoje encontrei a sua foto numa comunicação de necrologia plasmada num mural. Chamava-se Georgina Nunes dos Santos, tinha 69 anos, morava na Rua das Padeiras, e foi a enterrar neste último domingo. Fica aqui a homenagem sentida à pessoa anónima, boa e gentil, que me deixou gratas recordações e passou por nós. À família enlutada, em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos mais sentidos pêsames.

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