quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

POEMA DE UM HOMEM SÓ





POEMA DE UM HOMEM SÓ


Se eu morrer neste inverno,
de chuva, frio e desamor,
sei que vou para o Inferno,
mas não levo qualquer dor;

Vou-me embora descansado,
deixo em paz o meu amor,
imagino, vai sorrir aliviado,
partiu um grande estupor;

Não quero ser enterrado
numa campa rasa qualquer,
não quero um olhar molhado
no rosto lindo de uma mulher;

Só peço para ser cremado
por causa dos meus amores,
para nenhum deles ser obrigado
a encharcar-me a campa com flores;

Sei que não deixo saudade,
ou talvez deixe ao meu cão,
fiz por cá muita maldade,
sobretudo na paixão;

Adivinho quem me quer bem,
no rosto, imenso sofrimento,
contudo, acredito também,
que muitos gozam o momento;

Cantem, dancem, gentes depravadas,
que sempre tiveram inveja do meu estar,
aproveitem agora, almas penadas,
para serem melhores e contestar.

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