Bem sei que, pela tristeza que causa, não deveria noticiar
o enterro de alguém ou de uma coisa –ou deveria? Às vezes, na maioria dos casos
sentindo-me divido, penso que deveria estar calado. Mas, se penso assim –pode interrogar
você, leitor- por que, como romeiro em busca de São Tiago, continuo a bater na
mesma tecla? Não sei bem, mas suponho que, por um lado, é por ter este vício de
escrever, que me aperta a alma; por outro, é esta necessidade obsessiva, quase
compulsiva, de intervir na colectividade.
Neste último mês fecharam quatro
estabelecimentos na Baixa. Um de que já falei aqui, o “Mui Chocolate”, outro na
Rua da Sofia, outro, no caso uma loja de artesanato, na Praça do Comércio –que,
por iniciativa de dois jovens, abriu pouco tempo antes do Natal- e outro encerramento
ainda de uma casa com cerca de três décadas, de cortinados e ligada à Zedibel,
na Rua Adelino Veiga. De salientar que esta rua do poeta morto possui actualmente 10 lojas encerradas. A título de
curiosidade, até meados de 1990, com os seus vários bazares, esta artéria foi
talvez a mais importante para o negócio comercial na Baixa da cidade.
Infelizmente, porque falei sobre este assunto com quem sabe, dentro de pouco
tempo, prevê-se mais encerramentos nesta via pedonal e noutras da Baixa.
Tal como vem acontecendo há
vários anos, ninguém quer saber deste assunto. A verdade é que os becos e
ruelas, como terra de ninguém e entregues à sua (má) sorte, vão ficando mais
tristes e cada vez mais expostos ao tráfico de droga como falou (mal,
pessimamente neste trabalho) a SIC aqui. Será que não estaremos perante a
eminência de uma tragédia social? Porque razão todos, mas todos mesmo, parecem
intencionalmente não querer falar neste assunto? Ou então, como putas imaculadas -com todo o respeito pelas ditas- a reivindicar uma virgindade inexistente, sempre que aparece um título nos
jornais a mostrar o que se passa e a seguir as televisões como macaquinhos de imitação
sem cuidado de informar, fazem, todos, um escarcéu do camano!?
1 comentário:
Talvez se os proprietários das lojas n pedissem valores absurdos se calhar havia muito mais lojas abertas.
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