Esta imagem foi captada nesta madrugada, de
sexta-feira, na zona de Celas, por volta das 2h30. O vulto que se adivinha em contornos dormia em pleno passeio e
sujeito ao frio da noite. Dentro do saco cama estava uma mulher de cerca de 40
anos. O que lhe aconteceu não quis contar. De cabelos compridos desgrenhados,
aparentava estar alcoolizada ou drogada. Não aceitou mudar para um resguardo
próximo.
Não deixa de ser irónica a publicidade
inserta atrás: “Boas notícias para as nossas empresas”.
Ao colocar aqui a fotografia não
pretendo mostrar que é a generalidade do nosso dia-a-dia. Felizmente não é! Mas é mais do que deveria ser, infelizmente. É certo também que em muitos casos
estão associadas patologias e adições. Enfim, factos que, acima de tudo, nos
devem fazer pensar, nos obriguem a parar e sem passarmos ao largo como se não
nos dissessem respeito. Como estamos encadeados numa precariedade comum, somos
todos apanhados nos globais interstícios da teia e, mesmo sem directamente se
contribuir para a queda de alguém, nem que seja só psicologicamente, acabamos da
mesma forma a sofrer do seu efeito devastador. Insiro a imagem simplesmente para
reflectirmos na nossa fragilidade de humanos. Aparentemente, somos todos tão
fortes, tão Tarzans, e, de repente
como num sopro de cata-vento, caímos no que sempre fomos: tão imensamente
frágeis, tão fracos. Tudo nesta vida tem duas faces. Há sempre um verso e o
reverso, um facto e o seu contrário. É só agora? Não! Sempre foi assim! É a
vida! Ponto final e parágrafo.
2 comentários:
Olá Luis,se me permite vou-lhe contar duas situações ocorridas recentemente.Estas não são propriamente histórias felizes,mas são veridicas e aconteceram no séc.xxi,em Portugal e,o que me assusta,em Coimbra.Vou relatar as situações de uma forma simples,directa e pragmática,msem floreados,não pense que sou rude as não posso descrever isto de outra maneira.
Primeira situação:é-me atribuido um serviço para as urgências do CHC-HUC cerca das 2h30m da manhã,ao chegar ao local surge-me uma SRA.em robe com 92 anos(disse-mo depois durante na nossa conversa).A dita sra. estava no hospital desde as 15h da tarde,colocaram-na numa maca no corredor,durante 10 horas,esperando pelos resultados dos exames efectuados depois de admitida.Aos pedidos de esclarecimento da sra.,aos pedidos de um copo de água,aos pedidos de atenção de uma pessoas que estava á horas abandonada num corredor,era respondido:«está bem...»,«espere um bocadinho que já vem alguém falar consigo»,«pois,pois»,etc,etc,ou seja,ignoraram uma sra. que apesar da idade é bastante lúcida.Depois desta interminavel espera cansou-se foi á cabine telefónica,chamou um taxi,e abandonou o hospital.Ninguém lhe perguntou aonde ia,porquê ou a razão de andar á procura de um telefone de madrugada em robe num hospital publico.Pergunto:quem seria o responsável se lhe acontecesse alguma coisa?
(amanhã conto-lhe a 2a,porque estou a escrever isto durante o jantar e tenho de sair para um serviço.Ver se lhe envio quando chegar a casa ás 7h30m.Acha que ten interesse estes casos?A 2a situação acho que é gravissima porque envolve um menor e dois pais idosos,em que a mãe é paraplégica e dormem na rua?)
luis mais logo mando-lhe o resto da historia,desculpe mas estou bastante cansado.Depois se quiser publicar junta as duas situações.Estou a utilizar os comentarios porque estou com problemas com meu e-mail.
Marco
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