(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Numa decisão populista em que se pretendia convencer –somente
demonstrar e nada mais- de que é preciso trabalhar, o Governo retirou a
tolerância de ponto ao dia de Carnaval. Agindo como Talião, pegou na espada e
cortou a cabeça ao Rei Momo. Esqueceu que um costume empírico tem mais de sete
vidas e, pela ancestralidade e enraizamento na população, por mais proibições e
cortes que se executem, é inevitável, jamais desaparecerá. Tentar apagar esta
prática popular será o mesmo que tentar evitar que as águas corram para o
mar. Só citadinos de fatinho e gravata, burgueses sem conhecimento do povo no
seu dia-a-dia, que nunca desceram ao país do "poeta Aleixo" e do salteador “Zé do
Telhado” podem tomar decisões contra-natura e ferir a cultura de um colectivo
que precisa da festa para expurgar os demónios que se exercitam dentro de si.
Como era de prever, os efeitos resultantes
e conclusivos da medida de proibição são catastróficos. O que se vê é um país à
deriva, acéfalo, sem cabeça –ou o contrário, com muitas cabeças-, onde parece
não se saber quem manda nem para onde se caminha. As autarquias dão o mote para que toda a orquestra
económica desafine. Então, num ano de eleições europeias, assistimos a coisas
do arco-da-velha. Como os autarcas se
estão a marimbar para o executivo e para a Nação e só lhes interessa o futuro
próximo, que é já em Maio, resolvem a seu bel-prazer e sobretudo para agradar
às suas clientelas. Os edis do contra, representando
a oposição e as cores mais à esquerda, aproveitam para desalinhar das ordens emanadas
de Lisboa e, fazendo política partidária, encerram os serviços camarários na
terça-feira. Numa vergonha sem precedentes, e numa altura de crise económica, a
Câmara Municipal de Lisboa fecha dois dias, na segunda e na terça. Não está em
causa a legítima autonomia das autarquias. O que deveria estar -e é isso que se
espera de um político eleito- era que, mesmo discordando do decreto governamental,
o superior interesse público fosse colocado acima de todas as conveniências.
Mais ainda, o que se salienta nestes egoístas despachos arbitrais é o fraco
modelo que estes governantes transmitem aos eleitores e à sociedade. Numa
altura em que a credibilidade dos agentes políticos anda pelas ruas da amargura
e era necessário mostrar que o que conta menos é a ideologia e seus proveitos
ocasionais, com estas medidas sem racionalidade cai a máscara a todos e faz-nos
acreditar que não teremos futuro com esta gente que nos administra.
Não tenho dúvidas que até se entende a decisão dos edis, em cujas terras tenham grande tradição do corso, como é o caso de Mealhada, Ovar, Torres Novas e outras, em fazerem feriado. Nestes casos, fazer ponte, é estarmos perante uma decisão de necessidade. É a economia da cidade, ou da vila, que está em causa. Mas e as outras como Coimbra, por analogia, que não têm tradição carnavalesca? Fará algum sentido os serviços camarários da cidade dos estudantes encerrarem no dia do entrudo? Será que o executivo municipal não deveria fazer passar uma ideia de grande responsabilidade pela deficitária economia da cidade? Em face deste (mau) exemplo, e seguindo o ano passado, a maioria das lojas da Baixa vão estar fechadas. Afinal, estamos ou não estamos em tempo de vacas magras? Não era melhor o Governo decidir de uma vez para que se não passe esta ignomínia?
Não tenho dúvidas que até se entende a decisão dos edis, em cujas terras tenham grande tradição do corso, como é o caso de Mealhada, Ovar, Torres Novas e outras, em fazerem feriado. Nestes casos, fazer ponte, é estarmos perante uma decisão de necessidade. É a economia da cidade, ou da vila, que está em causa. Mas e as outras como Coimbra, por analogia, que não têm tradição carnavalesca? Fará algum sentido os serviços camarários da cidade dos estudantes encerrarem no dia do entrudo? Será que o executivo municipal não deveria fazer passar uma ideia de grande responsabilidade pela deficitária economia da cidade? Em face deste (mau) exemplo, e seguindo o ano passado, a maioria das lojas da Baixa vão estar fechadas. Afinal, estamos ou não estamos em tempo de vacas magras? Não era melhor o Governo decidir de uma vez para que se não passe esta ignomínia?
TEXTOS RELACIONADOS
"Enfiar ou tirar a máscara?"
"Afinal a ACIC ainda respira...."
"Trabalhamos terça ou não?"
"Trabalhamos ou não trabalhamos?"
"O Carnaval do tempo que passa"
"Vale a pena ler"
"Uma flor de papel"
"Chorai, crocodilos, chorai"
"Está mau? Está mau, como?"
"Comércio aberto na terça-feira..."
"O que é que você pensa disto?"
"Chuva de Outono"
Sem comentários:
Enviar um comentário