Quando em 2012, através de concurso público, o executivo camarário Coligação por
Coimbra, liderado por Barbosa de Melo, adjudicou o café Cartola, na Praça da
República, pela melhor oferta de 14.426,21 euros mensais à empresa GoodVives sabia o
que estava a fazer, não sabia? Cidadãos como eu, como você, leitor, votámos nas
eleições autárquicas de 2009 para que o resultado das urnas se traduzisse num
governo responsável para a cidade. É sempre com este pensamento que
participamos num qualquer sufrágio –e somos sempre acompanhados de uma esperança
de que quem vier a seguir será melhor do que o anterior. Infelizmente a prática
vem-nos dizer que os seguintes são sempre piores, mas isso é outra questão. Só
para esclarecer, o anterior concessionário do estabelecimento hoteleiro, segundo
as crónicas já praticamente insolvente, tinha contratualizado pagar mensalmente
à edilidade cerca de 1450 euros. Por aqui já se vê que, perante a oferta de um
novo proponente que oferece dez vezes mais, se estaria em face de um negócio
ruinoso para as duas partes. Mais, no mínimo, nesta insanidade, seria de prever que fossem tomadas garantias para assegurar o bom
pagamento contratual. Segundo parece a garantia bancária não excede os 50 mil
euros –já li algures que era de 30 mil euros. (publica esta semana o jornal Campeão das Províncias que a caução é de 17.311,00 €, dezassete mil e trezentos e onze euros)
Ora com as notícias recentes de que a Câmara
Municipal de Coimbra ontem tomou posse administrativa do estabelecimento por
incumprimento de rendas em atraso no valor de cerca de 100 mil euros dá para ver que o
anterior executivo não agiu com o cuidado a que está legalmente obrigado, com a
ponderação exigida a um bom gestor público nomeado ou eleito. Se a
responsabilidade do segundo outorgante, agora rescindido, é de mais de 100 mil
euros e a garantia bancária -pela notícia do jornal Campeão- é de cerca de um quinto do seu valor quem vai pagar a diferença?
Que responsabilidade é assacada ao anterior executivo? Que diga-se, em abono da verdade,
também tinham assento no plenário vereadores da actual administração, do Partido
Socialista. Mais ainda, segundo o Diário de Coimbra, com esta concessão
aberrante –no sentido de se saber à partida que os valores oferecidos eram
metafísicos, sem racionalidade, por impossibilidade de cumprimento-, uma dezena de postos de trabalho foram postos
em causa. Quem responde pela vida destas famílias?
Na altura escrevi que as regras dos concursos
públicos estavam erradas. Ou seja, em busca de uma imparcialidade obsessiva,
procura-se o ofertório maior sem levar em conta o bom senso que deve acompanhar, na oferta e na procura, qualquer negócio em
causa. Este desenlace agora, a posteriori,
vem mostrar isso mesmo. Será que a próxima adjudicação vai funcionar nos mesmos
moldes?
Para finalizar interroga-se: para quando a responsabilidade
civil e criminal dos agentes políticos eleitos? Vamos continuar a votar em
incompetentes que, provavelmente, nem os seus orçamentos privados sabem gerir?
Vamos todos pensar que o que se passa na nossa Câmara Municipal não nos diz
respeito e vamos continuar a assobiar para o lado e fazer de conta que isso é
com eles?
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