Hoje escreve o PTJORNAL que “Isabel Moreira chamou “traidor” ao
Presidente da República por este não enviar a proposta de Orçamento de Estado
para fiscalização preventiva. Numa mensagem no Facebook, a deputada socialista
chamou ainda “inútil”, “calculista” e “autocentrado” a Cavaco Silva.”
Antes de prosseguir convém clarificar alguns
pontos. Um deles é que esta senhora é deputada pelo Partido Socialista –isso já
é aflorado no texto. Outro, é que esta parlamentar -pelas suas tropelias para
não lhe chamar garotices, faltas de educação e sobretudo que não está à altura
do mandato que lhe foi confiado pelos portugueses e pelo maior partido da
oposição-, tem-se mostrado desalinhada, como se escreve aqui. Como ela própria
se afirma “detestar unanimismos”, o
que incomoda um cidadão comum, como eu, não é propriamente a sua irreverência.
O que incomoda mesmo é a sua vulgaridade para atingir um seu objectivo, como se
pode inferir destas suas ofensas (graves) ao Presidente da República, Aníbal
Cavaco Silva. Goste-se ou não dele, tivesse ou não merecido o nosso voto que o
elegeu, para todos os efeitos é o presidente eleito de todos os portugueses. Não
pode ser ofendido na sua honra, como está acontecer nos últimos tempos, por
qualquer um e muito menos por quem tem responsabilidades como comentador e
acesso à televisão ou, como neste caso, por quem tem obrigação de usar a
assertividade como lema diário de conduta.
Os insultos rasteiros começaram com o escritor
e jornalista Sousa Tavares, ao apelidar o presidente de “palhaço”. Sem se entender muito bem a medida, o Ministério Público
arquivou a ofensa. Depois do DIAP de Lisboa ter aberto um processo ao director
da Revista Sábado sobre um comentário ao Chefe da Nação, num país que tem duas
justiças, uma para pobres e outra para ricos, Cavaco Silva mantém aberto um
processo de difamação agravada contra um cidadão anónimo que, presumivelmente,
o terá insultado nas cerimónias do 10 de Julho, em Elvas.
Outro ponto que não será despiciente é o facto
desta senhora deputada ser filha de Adriano Moreira, uma individualidade com um
trajecto público digno de nota na causa pública. Um homem que serviu o Antigo
Regime e, sem mácula, continua a ser ouvido e lido com respeito pelo cidadão
comum (como eu). É certo que nenhum pai é responsável pelas atitudes dos filhos
se estes forem maiores de idade, como é o caso. No entanto esta ligação a um
pensador digno e humilde professor de direito dá que pensar. Será que esta
senhora deputada, nem que fosse pela reverência que deve ao progenitor, não deveria
ter outro comportamento? É certo que a nossa história recente está cheia de “estórias”
assim. Parece-me é que no Estado Novo acontecer os filhos serem comunistas no
seio de uma família conservadora e lutarem contra o situacionismo até seria
entendível. Agora, em plena democracia, em que todos podem manifestar a sua
opinião, e mais aqui, neste caso, em que se trata de uma parlamentar, é que não
se consegue entender esta desrespeitosa forma de se dirigir ao Presidente da
República. Claro que, aposto, uma grande maioria dos seus prosélitos, e mais
uma dita esquerda hipócrita e que se conduz nos valores ao sabor do vento e das
conveniências, vão bater palmas à gratuitidade e vulgaridade desta senhora que,
se calhar, hoje já muitos admitirão, ao ser convidada pelo Partido Socialista,
constituiu um erro de casting.
Por outro lado e fugindo um pouco à linha
condutora desta crónica, há um caso curioso que salta aos nossos olhos, e que
era bom que se fizesse um estudo à actual composição da Assembleia da
República: estudar a árvore genealógica dos deputados com assento parlamentar.
Provavelmente, pelos apelidos familiares, ficaríamos todos surpreendidos (ou
talvez não) e a saber que, pelos vistos, existe uma casta, um certo sangue azul
que continua a ser defendido na política partidária, nas universidades e também
na sociedade portuguesa.
3 comentários:
Amigo:
Nas palavras do meu falecido avô Carlos, o ultimo parágrafo do seu interessantíssimo artigo ...é... Tiro e queda!
Um abraço
Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Goste-se ou não, o Presidente da Republica Anibal Cavaco Silva nunca foi o Presidente de todos os portugueses!
Desculpe Lourdes Pedroso, mas num texto tão vasto ,não precisa-se ser tão exegética.Se o Presidente é de todos os portugueses o de poucos não é o tema da escrita.
O tema é o desrespeito de uma deputada a investidura presidencial.
Quando uma pessoa é culta pode expor suas diferenças sem gritos nem palavras grosseiras.
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