Hoje recebi uma carta em registo simples das Águas de Coimbra. Lá dentro do envelope uma
folha com “Aviso de Corte –Registo Simples”. No cabeçalho, “Valor
em dívida: 6,63** (duas estrelinhas, que deveriam querer dizer euros, sei lá!).
Data prevista de corte 08 de Junho de 2015.”
No corpo das “Mensagens”,
“Estimado
cliente: Como pode verificar pelos elementos constantes deste Aviso,
encontra-se V. Ex.ª em dívida perante esta Empresa Municipal. Tal situação, a
não ser resolvida de imediato, implica a interrupção de fornecimento de água a
partir da data de previsão de corte indicada.
Assim, fica V. Ex.ª avisado para
pagar a quantia em dívida, que será acrescida de juros de mora, evitando assim
a interrupção do fornecimento e posterior instauração de processo executivo.
Todos os esclarecimentos que necessite serão prestados telefonicamente, através
do número 2399096000. No caso de já ter efectuado o pagamento, queira
considerar este aviso sem efeito.”
Cá mais ao fundo do aviso
amigável, mesmo no fundo, a explicação das duas estrelinhas: “** Sujeito a Encargos”.
Perante uma missiva tão simpática quem sou eu
para negar alguma coisa à empresa Águas de Coimbra? Cá com os meus botões intui
que, como estava em falta, deveria correr imediatamente e fui pagar à Loja do
Cidadão. Só que o total da cobrança feita pela amável funcionária não rimava
com a gentileza da epístola. Pediu-me 10,95 euros. Como sou bem mandado, paguei
mas pedi uma explicação. E do outro lado do balcão veio a resposta pronta: “6,63 € de consumo e alcavalas, mais ,01
cêntimo de juros e 4,31 euros pelo atraso”.
Atraso como? Interroguei, já a desconfiar que afinal me estavam a
trocar as voltas e, em vez de ser um “estimado
cliente” não passava de um mal estimado burgesso pagante. Então eu não
estava já a pagar juros? Voltei a perguntar. “É pelo registo simples! Você recebeu uma carta registada” -enfatizou
a funcionária, assim no jeito de que eu até deveria estar grato. Mas eu sou do
pior! E não agradeci. Para complicar ainda mais a coisa pedi o Livro de Reclamações
e, como motivo da minha impugnação, escrevi:
“Neste dia e hora indicada,
apresentei-me no balcão das Águas de Coimbra (AC) para liquidar várias facturas
de consumos de água. Uma delas, com valor de 6,63€, estava fora de prazo e
recebi hoje mesmo, em registo simples, um aviso de corte. Por ultrapassar a validade
de pagamento foi-me cobrada a importância de ,01 cêntimo de juro de mora. Mas
não foi só. Foi cobrada também a verba de 4,31€, quatro euros e trinta e um
cêntimos. Segundo a funcionária da AC, esta cobrança resulta do facto de me ter
sido remetido o aviso de corte com registo simples. Salvo melhor opinião,
estamos perante um abuso de posição dominante da AC. Mais, há uma duplicação de
coima pelo atraso, que resulta em enriquecimento sem causa para a AC. Mais, se
é uma taxa está obrigada a reverter em benefício para o cidadão –o que não é o
caso. Já que a explicação da funcionária se traduz apenas no envio da carta
registada e nada mais. Se é imposto, isto é, se a verba prescrita reverte para
a comunidade social através da redistribuição, a Câmara Municipal não tem
legitimidade para o efeito, já que a criação de impostos é da exclusiva
responsabilidade da Assembleia da República.
Peço análise superior a este
procedimento.”
MAS O QUE É QUE SE
PASSA?
É certo que já tive um “quid pro quo”, tomar uma coisa por outra, com a empresa Águas de
Coimbra. Foi há cerca de dois anos e pouco quando teimaram em me limpar mais de
20 euros por um falso corte de fornecimento. Eu até agradeci porque poderia ter
sido 45 mas, como sou uma alma descontente que deste mundo quer melhor, não aceitei
e, vai daí, toca de reclamar. E, é claro, tiveram de me devolver a massa. Mas
sem ressentimentos, que eu não sou desses! Por conseguinte eu até já estava em
paz total com a empresa e se nas noites longas não sonho, pelo menos, deito-me sempre
com ela com um beijinho na boca, a lavar os dentes.
Para melhorar as nossas relações
institucionais, em 17-12-2013, no Diário as Beiras, era noticiado em título: “Águas de Coimbra renova certificação de
qualidade”. Na continuação do artigo, “Certificação
atesta que Águas de Coimbra se rege pelas melhores práticas internacionais”. Mais
abaixo, “(…) no Museu da Água de Coimbra, Pedro Coimbra, o presidente do
Conselho de Administração da AC, recebe, pela mão do CEO da APCER, o certificado
de renovação, símbolo do reconhecimento de que a Águas de Coimbra se rege pelas
melhores práticas internacionais.”
Já se vê que, perante tão boas práticas
internacionais, logo me havia de calhar, a mim, borrar a escrita toda. Palavra de
honra que fiquei com um complexo de culpa, de tal modo profundo, que quando
bebo água da torneira faço sempre o sinal da cruz em acto de contrição.
Sinceramente, espero já ter sido perdoado da minha rebeldia, ou seja, de não
aceitar pacificamente que sou mesmo parvo e, volta e meia, lá tenho uns
arremedos de fraquita inteligência.
Mas eu, ainda que não pareça, tornei-me devoto
da AC e, por conseguinte, não perco uma informação desta nossa (nossa? Porra!
Vossa! Minha não é!) empresa municipal. E então quando, em 28-04-2015, li um
anúncio no Diário de Coimbra da minha idolatrada mais que tudo, fiquei
completamente convencido. Isto sim! Com tantos requisitos para recrutar dois
auxiliares de corte e ligação de água -e tão bom ordenado!- estava de ver que o
fim é mesmo o beneficiar o consumidor. Ora eu sou consumidor! Se está a
engelhar a fronte, faça o favor de não duvidar da minha pessoa. Ora veja! Mas
veja mesmo com atenção. Acredite que vale a pena!
“AC, ÁGUAS DE COIMBRA, E.M.
Pretende recrutar para o Setor de
Movimentação de Contadores (SeMC)
2 auxiliares de canalizador de
corte e ligação de água (f/m)
MISSÃO DA FUNÇÃO:
Este profissional terá como principal missão executar tarefas de
colocação, substituição e levantamento de contadores.
HORÁRIO:
Full-time, de segunda a sexta-feira, das 08h00 às 17h00 (40 horas) ou
das 08h00 às 16h00 (35h00), com intervalo de descanso de uma hora.
DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO:
Repor e limpar válvulas;
Reparar torneiras de segurança;
Efetuar trabalhos de ligação e corte de água;
Conduzir viaturas ligeiras;
Substituir tubagens;
Executar trabalhos de preparação, abertura de roços, demolições, entre
outros;
Executar trabalhos de movimentação de contadores.
PERFIL DO CANDIDATO:
Escolaridade mínima obrigatória (determinada em função da data de nascimento
dos candidatos);
Experiência como auxiliar de canalizador na execução de trabalhos em
redes de água;
Habilitação para condução de veículos de categoria B;
Conhecimentos de informática na ótica do utilizador;
Gosto pelo trabalho em equipa e cooperação;
Capacidade de iniciativa;
Habilidade motora e robustez física;
Capacidade para adotar os princípios básicos de Higiene e Segurança no
Trabalho no exercício da sua atividade;
Conhecimento de prevenção de riscos em máquinas, aparelhos,
ferramentas, substâncias perigosas, equipamentos de transporte e, em geral,
qualquer outro meio em que desenvolve a sua atividade.
Ética, probidade e consciência ambiental.
CONDIÇÕES:
Remuneração mensal correspondente ao Salário Mínimo Nacional. (505
euros para quem não souber)
Oportunidade de trabalhar numa empresa estável e num sector dinâmico,
com bom ambiente e sentido de grupo.”
1 comentário:
Eu confesso não saber escrever também como o Luís, mas deixo na mesma uma palavrinha.
É muito curto e fácil de dizer. Durante os próximos 150 dias, como indicado num belo cartaz, deixo de poder ir até minha casa. Quem diz eu diz também uma ambulância ou bombeiros ou polícia. A minha casa que fica numa rua sem saída foi cortada durante os 150 dias. É fantástico como esta gente só pensa na barriga deles.
Eu nem me queixo de serem 5 meses. Percebo perfeitamente que um obra que impeça pessoas de viverem tenham de ser levadas com calma e sem esforço de trabalho. Basta trabalhar um pouquinho de tarde cada dia. Certamente as pessoas vão perceber que trabalhar mais do que 4 ou 5 horas por dia é um exagero.
Obrigado AC!
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