Já tinha escrito um texto sobre este mesmo
assunto para sair no Semanário O
Despertar de há duas semanas mas, porque abortou a minha colaboração, a
crónica nasceu morta, como quem diz, não foi editada. Por isso mesmo vou voltar
à carga, ou melhor, vou plasmar que estamos rodeados de exploradores sem dó nem
piedade que querem, por todos meios, asfixiar quem ainda inspira/expira mesmo
com imensa dificuldade. O caso que, se vivêssemos num país governado por gente
decente, deveria merecer o mais completo repúdio e seria erradicado imediatamente não ocupa um segundo para pensar nos mais desfavorecidos quanto
mais para lhe tirar o sono. É o mais descarado escândalo que, com esta medida,
faz cair a máscara da hipocrisia a quem diz defender o povo, apregoando os
espíritos da partilha, socialista, comunista e social-democrata. Se deixarem
levar este descarado furto para frente, todos, mas todos, não valem um buseiro
daqueles que encontro diariamente distribuído pela calçada destas ruelas
centenárias e que, quem cá vive, deveria merecer mais respeito. Mas o respeito,
do latim respectus, olhar outra vez,
apreço, deferência, consideração, há muito que desapareceu dos costumes. E para
quê evocá-lo? Por que sou maluquinho da tola e não tenho nada para fazer.
Mas vamos lá ao caso que trago à colação antes
que você me atire com o que tiver à mão. Sem demora vou direito ao assunto. O
que se passa é que o Governo quer obrigar todos os contribuintes a ter conta
bancária –para melhor poder conferir os seus rendimentos, obviamente. Então a
partir de agosto próximo, reformados e beneficiários de subsídio de desemprego
e RSI, Rendimento Social de Inserção, todos têm de possuir uma conta. Até aqui, nem
haveria nada de incomum já que, poderia admitir-se, se procurava fiscalizar melhor
os favorecidos, assim como poupar o papel dos vales e economizar na
distribuição de correspondência –é certo que vão umas centenas de carteiros à
vida, desaparecendo esta profissão, mas isso também não interessa nada. O grave
é que a Caixa Geral de Depósitos, por cada conta aberta, vai cobrar 5 euros por
mês a cada seu cliente. Ou seja, a um cidadão que receba os miseráveis 179,00
euros do RSI, sem vergonha, sem escrúpulos, sem peso na consciência, é-lhe
furtado um bocado da sua côdea que já mal serve para se alimentar com
dignidade. Não quero entrar em discussões fúteis se o Estado deve ou não deve
dar alguma coisa sem receber algo em troca –esse debate é para outras núpcias.
“Roubar” desta forma não é uma indignidade?
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