Encontrei-o no último Sábado na praça onde
durante largos anos desenvolveu a sua actividade de pintor. Escrevo sobre o
Anildo Mota, o brasileiro, cidadão do mundo, mais porreiro e bacano que passou pelo centro histórico. O seu poiso
habitual, a desenhar e a retratar quem dele se abeirava para contratar os seus
serviços de retratista, foi sempre ao fundo das Escadas de São Tiago, já na
Praça do Comércio.
De saco na mão, como se estivesse
em trânsito, parecia ter vindo matar saudades à cidade dos estudantes que tão
bem o acolheu. E, de facto, assim foi. Vou transcrever a conversa que entabulei
com o Anildo:
“É, meu cara, de facto, vim cá porque tinha saudades de Coimbra, desta
Baixa que tenho sempre atravessada no coração, mas, amigo, a saudade não paga
as despesas. Por isso, mesmo contra a vontade, fui para Braga. Só te digo Luís,
não tem nada a ver com o negócio que fazia aqui. Podes multiplicar várias
vezes. Aquilo lá, na cidade dos arcebispos, é um outro mundo. O movimento desta
área velha caiu a pique. Acredita, o meu coração divide-se entre Coimbra e
Brasil mas a necessidade obrigou-me a abrir uma brecha. Tem de ser! E o que tem
de ser tem muita força! Tenho pena, cara! Muita pena mesmo!”
Sem comentários:
Enviar um comentário