Para quem me conhece é uma verdade La
Palissiana: eu já sou velho c’mo caraças! De tal modo que dou por mim a dizer: no meu tempo era assim, no meu tempo era
assado e cozido. Isto tudo para me servir de introdução a este texto que
vou começar exactamente assim:
No meu tempo, quando eu era rapazote, os
funcionários da higiene, da Câmara Municipal de Coimbra, aqueles funcionários
que andavam a recolher os detritos nas ruas da cidade, traziam consigo uma
vassourinha. Então depois de arremessarem os sacos de dejectos para dentro da
camioneta, um deles finalizava o trabalho com uma varredela junto ao contentor
e o local ficava limpinho. Constatei hoje, cerca das 23h30, que o desenvolvimento
soterrou este costume, que deve ser caduco, e agora os funcionários, talvez
mais modernaços, sei lá, apanham o maior e deixam o chão todo borrado. É chato,
para não dizer aborrecido, e não se entende. Já que hoje, segunda-feira, o lixo
não foi recolhido em toda a Baixa. Estou certo que esta situação anómala teria
sido por razões superiores, ou seja, que em virtude do Cortejo da Queima das
Fitas, realizado ontem, deveria ter havido uma acumulação enorme –segundo o
Diário as Beiras, “perto de vinte toneladas depois do cortejo”. É certo que
esta questão das sobras feitas nesta quadra já há muito deveria ter entrado em
discussão pública. Por que razão é que, por virtude de uma festa académica, ainda
por cima com excessos a raiar o limite da paciência, há-de concentrar todos os
meios da autarquia e prejudicar uma zona turística classificada como Património
da Humanidade? Mais ainda, a edilidade e a Universidade não deveriam já há
muito ter chegado a acordo para que a recolha de detritos fosse feita por
estudantes? Se sujam por que raio estão isentos de limpar? A que se deve este
tratamento de excepção? Depois todos se lamentam de que está tudo vomitado, cagado e mijado, como foi o caso de hoje
aqui na Baixa onde os queixumes dos moradores e comerciantes foram mais do que
muitos. Claro! Estes meninos estudantes devem pertencer a uma casta superior
onde tudo é permitido. Como é que se pode fazer entender os futuros doutores de
que têm obrigações se até podem sujar à vontade que, logo a seguir, os “criados” (funcionários) vêm por detrás e
limpam? Há aqui qualquer coisa que não joga bem, não há? Se calhar estou a ver
a coisa mal, sei lá?!?
Voltando aos funcionários da higiene -que
apesar de eu desviar a conversa não se pense que eu me tinha esquecido do fio
da meada-, como eu tenho jeito para assessor, até me permito mandar um bitaite
ao vereador Carlos Cidade –que, por acaso, é bom tipo e gosto dele, pronto, mas
amores amores negócios à parte-:
senhor vereador faça o favor de equipar os carrinhos eléctricos de recolha de
lixo com uma vassourinha e a devida recomendação aos trabalhadores para terem
mais cuidado. Não é por nada mas basta perguntar-lhes se quando eles varrem a
adega deles, lá em casa, também deixam metade do esterco no chão. Basta só
isso. E agora vamos ver as fotos outra vez.
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