Nesta
última quinta-feira, cerca das 18h00, no Beco das Canivetas, que dá
ligação entre a Cozinha Económica e a Rua Adelino Veiga, um
indivíduo de “cerca de cinquenta anos”, alegadamente, foi
apunhalado com várias facadas. Foi o 112, com uma ambulância, que o
apanhou muito ferido e levou para os HUC, Hospitais da Universidade
de Coimbra.
Embora
as informações sejam difíceis de obter, confirma-se que, de facto,
foi mesmo trespassado e cortado com vários golpes no corpo – há
várias pessoas que viram o homem caído no asfalto e a esvair-se em
sangue. Sabe-se também que a vítima é (foi) um indivíduo de
apelido Grilo, um sem-abrigo que dormia na reentrância das montas da
desaparecida loja de brinquedos Românica. Hoje, por aqui pela Baixa,
consta-se, de boca-em-boca, que teria morrido no hospital. Como não
se sabe o nome por inteiro, por parte da unidade de saúde, não foi
possível saber o seu estado clínico e se teria mesmo falecido.
COMERCIANTES
NA ZONA MUITO PREOCUPADOS
Muito
sublinhado o pedido de anonimato, sem darem a cara, alguns dos operadores da
zona, mostrando muita preocupação com a degradação que está a
acontecer nas ruas e becos estreitos paralelos à Rua Adelino Veiga,
sempre vão adiantando: “olhe, pelo facto de não ter vindo nada
nos jornais diários, por um lado, ainda bem. Quanto menos se
souber melhor. Por este andar, qualquer dia não temos pessoas
a virem para esta zona durante a tarde. Polícia nem vê-la!
Por aqui, precisamente por causa desta e de outras ocorrências, as
lojas estão a fechar cada vez mais cedo. Mas, se vai escrever,
incida sobretudo naquela miséria das montras da Românica. Aquilo é
um ninho de promiscuidade e, como está decorrer um litígio em
tribunal entre o proprietário e o antigo arrendatário, nenhum deles
quer saber do que se está passar. Quem está a sofrer com este
abandono a que a área está votada por parte da PSP são os
comerciantes. Nós é que apanhamos com tudo isto.”
MAS
A BAIXA É INSEGURA?
À
pergunta
formulada, com
toda a convicção baseada em verdade, como trabalhador e morador,
posso responder que não é insegura, seja de dia ou de noite. As
escaramuças que existem – como foi o caso há dias na Rua dos
Oleiros e agora esta
- mesmo que impliquem grande violência envolvem sujeitos ligados ao
tráfico de droga e sem-abrigo. Como
tal acontece em tudo o que seja lugar habitado, estes desmandos devem
ser encarados, entre outros, como consequência
de
uma desertificação acentuada de residentes e insuficiência
de políticas
sociais
que
vão ao encontro de uma solução para a toxicodependência.
Complementando ainda a resposta à interrogação supra, no entanto,
há um pormenor que me
serve de extrema
importância na minha classificação: conheço muita gente, seja bem
instalada na vida ou sem-tecto. Por conseguinte, quando assim é,
quando
pisamos o nosso terreno, sentimo-nos sempre mais
seguros.
Mas,
então, acresce
uma pergunta: e
se eu não estivesse no meu meio, como me sentiria?
Pois! Aqui é que bate. Sobretudo ao cair da tarde, depois das lojas
encerrarem, e com o manto negro da noite instalado sobre
as cabeças,
se eu fosse visitante teria medo. Sobretudo nestas vielas e becos,
pouca gente se avista – e os que se encaram são façanhudos e
mal-encarados. Ora é aqui que a PSP, enquanto
paradigma da segurança,
falha redondamente no cumprimento do seu dever de elemento
tranquilizador
da
população, seja autóctone
ou outra.
Sabe-se,
ou é fácil de saber, que neste Agosto, devido ao turismo, a
população flutuante na Baixa terá
triplicado diariamente.
Ora, seria de supor que o Comando Distrital da PSP de Coimbra nomeasse mais agentes para patrulhar a zona histórica. Acontece que se
durante
o dia só por sorte damos de caras com agentes, então,
à noite nem pensar.
Os motivos projectados na falta de meios humanos e instrumentais a
nível nacional são conhecidos e basta lê-los nos jornais diários.
Se, por um lado, somos obrigados a entender, por outro, constatando
certos acontecimentos, ainda que carecentes de provas, damos por nós
a reflectir sobre o estado da nossa segurança interna.
Ainda
ontem, no Facebook, foi postado o seguinte: “Pela
manhã uma amiga vinha do Pátio da Inquisição onde deixou a filha
no infantário, e junto à Caixa
Geral
de Depósitos
deparou com uma sessão de pancadaria entre vários adultos, sendo
que um deles tinha uma criança ao colo. Correu à polícia
preocupada com a criança. Como a polícia não vinha voltou lá. A
explicação dos agentes é que tinham chamado o piquete, que tinha
ido buscar um veículo para se dirigir à ocorrência.
Um
veículo? A 30 segundos a pé da confusão?”
Teria
sido verdade? Teria sido mentira? Não faço ideia! O que sei é que
narrativas como estas fragilizam
a corporação PSP.
O
senhor Comandante Interino, a bem de toda a colectividade e da própria polícia,
deveria mandar investigar. Acontecimentos como estes não podem nem
devem ocorrer.
1 comentário:
Esse Grilo é um que pedia na Visconde da Luz?
Enviar um comentário