sábado, 28 de julho de 2018

FEIRA DE VELHARIAS: OS 13 RESISTENTES





À hora do almoço, por volta das 13h00, no novo espaço alindado do Terreiro da Erva para onde foi agora mudada, estavam presentes na Feira das Velharias 13 expositores. Não se sabe se a cerca de duas dezenas que faltaram estariam a seguir o conselho de Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que na última edição deixou bem claro que quem não gostasse que não viesse, ou teria sido um falso bater de pé ao pelouro da cultura da edilidade.
Com duas pequenas placas a indicar o certame em duas transversais da Rua da Sofia, o pelouro da Cultura parecia querer mostrar que está tento e até lê este blogue. Porém, a nosso ver, continua a dormir em serviço e a apostar numa publicitação inadequada e insuficiente.
Com os termómetros a mostrarem uma temperatura muito acima do verão envergonhado que tem andado por aí, um calor de rachar queimava quem se aproximava dos tendeiros.
Com o popular largo praticamente vazio de visitantes, pelo menos dois vendedores estavam a arrumar a tenda e preparavam-se para ir embora.
Com as moscas a incomodar os que teimavam em aventurar-se a mirar as tendas, cheirava a desalento. Parecia que estava tudo desanimado com esta nova transferência de local, mas seria mesmo assim?
Começámos por ouvir Fernando Luz, vindo de Leiria, e já há muitos anos presença assídua no certame com um stand coberto de livros usados. O que acha desta nova alteração?
Responde Fernando: “é assim, eu estou satisfeito. Gosto deste local e os meus clientes vieram na mesma. Há um senão: contrariamente à Praça do Comércio, em que havia casas-de-banho públicas, aqui não temos instalações para o efeito. Precisamos de lavar as mãos, vamos ao café mas temos de consumir, que eles não estão lá para nos servir gratuitamente. Vou continuar a vir.
Mais ao lado está Carlos Branco, natural de Pombal, com vários artigos usados e outros mais antigos. Recordemos que há cerca de um mês, aquando da primeira muda para o largo, disse o seguinte: “gosto deste local! Por mim continuava aqui! É um sítio muito agradável! Comparando com a Praça do Comércio, os comerciantes daqui são mais hospitaleiros. Parecem gostar mais de nós, entendes? É certo que aqui, no terreiro da Erva, não há turistas, mas quanto aos clientes que nos seguem, tenho a certeza, com o tempo habituam-se . Hoje, ao ser interrogado sobre como estava a correr o negócio, já não manifestou tanta esperança, no entanto foi adiantando: “hoje está pouca gente a vender porque uns foram para a praia e outros, mais que certo, foram para a Feira Internacional de Aljubarrota, mas, lá para Setembro, vão voltar.”
Mais à frente está o Francisco Moreira, ex-bancário da cidade, velho conhecido destas andanças, e que vende usados e antiguidades na feira local há décadas. Há um mês afirmou o seguinte: “o local é péssimo! É um sítio isolado e desconhecido dos nossos compradores. Como vês não há gente a visitar. Para além disso, como não tem árvores, é muito quente!”. Hoje contemporizou assim: “Olha, Luís, na última feira estava desanimado, porque só fiz 17 euros, e dei-te a entender que não voltava mais. Acontece que hoje, para meu espanto, já fiz uma boa feira. Vou persistir e ver o que dá. Vou voltar!”
Mais ao lado, abrigados numa sombra ocasionada pela parede de um prédio, estão dois vendedores de alfarrábios. Sem se querem identificar, a uma só voz foram adiantando que este local não serve, é muito exposto ao calor e não tem visitantes ocasionais. Na antiga praça velha era melhor. “O que a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) está fazer é a servir-se de nós, vendedores, para revitalizar o espaço. E até lá, até ficar gravado na memória das pessoas, quem nos paga a despesa? Viremos outra vez para ver o que dá e, provavelmente, não voltaremos mais!
Dois passos para o lado está um casal de meia-idade a vender livros. Preferiu não se identificar. Ao ser interrogado sobre como está correr a coisa, respondeu o seguinte: “olhe, com franqueza, está a correr muito bem! Como somos poucos os compradores concentram-se mais sobre quem está. Vendi a “habitués” e até a turistas estrangeiros, que nos compraram banda desenhada. Claro que voltaremos!
Para terminar, falámos com outro vendedor, que, vindo de Águeda, achou por bem não dar o nome. À minha pergunta como estava a decorrer o negócio respondeu assim: “muito mal! Este sítio é péssimo! Vendi pouquíssimo”, enfatizou.
Quando acrescento que outros colegas declararam ter vendido bem, tartamudeou: “não acredite nisso! Disseram isso para ficarem bem na fotografia. Ainda hoje, durante a manhã, andou aí um jornal a ouvir o que tinham a dizer sobre esta mudança. Disseram todos que estavam satisfeitos, mas mal virou costas o jornalista já estavam a dizer o contrário. Neste ramo há pouca gente credível. Raramente dizem a verdade. Se a feira continuar aqui, neste novo local, mais que certo não voltarei.


FEIRA DAS CEBOLAS NÃO FAZEM MINGUAR O ESPAÇO?



Há critérios camarários que não se entendem muito bem -se calhar também não são para entender. Valia mais serem directos e dizerem que o que se pretende mesmo com esta alteração é a revitalização do novo espaço intervencionado recentemente pela autarquia.
A explicação para a mudança da Feira de Velharias da Praça do Comércio para o Terreiro da Erva foi que “A CMC diz que com esta alteração pretende valorizar um espaço da Baixa da cidade que foi alvo de uma reabilitação urbanística recentemente, tornando este local num espaço aprazível”
Continuando a citar o jornal online Notícias de Coimbra,Por outro lado, na Praça do Comércio – onde até aqui se realizava a Feira – têm crescido várias esplanadas de estabelecimentos comerciais que obrigam a moldar a organização do certame.
Ou seja: a Feira das Velharias realiza-se uma única vez por mês, ao quarto Sábado. A Feira das Cebolas vai manter-se uma semana, de 11 a 18 de Agosto. Como aceitar o argumento que crescimento das esplanadas obrigam a moldar a organização do certame de antiguidades?

1 comentário:

Anónimo disse...

Também vi folhetos a anunciar o novo espaço da feira em algumas lojas da baixa
O outro evento a decorre no Parque (Summer Marker) também poderá ter tirado alguma afluencia à Feira das Velharias