À
hora do almoço, por volta das 13h00, no novo espaço alindado do Terreiro da
Erva para onde foi agora mudada, estavam presentes na Feira das
Velharias 13 expositores. Não se sabe se a cerca de duas dezenas que
faltaram estariam a seguir o conselho de Manuel Machado, presidente
da Câmara Municipal de Coimbra, que na última edição deixou bem
claro que quem não gostasse que não viesse, ou teria sido um falso
bater de pé ao pelouro da cultura da edilidade.
Com
duas pequenas placas a indicar o certame em duas transversais da Rua
da Sofia, o pelouro da Cultura parecia querer mostrar que está tento e até lê este blogue. Porém, a nosso ver, continua a
dormir em serviço e a apostar numa publicitação inadequada e
insuficiente.
Com
os termómetros a mostrarem uma temperatura muito acima do verão
envergonhado que tem andado por aí, um calor de rachar queimava quem
se aproximava dos tendeiros.
Com
o popular largo praticamente vazio de visitantes, pelo menos dois
vendedores estavam a arrumar a tenda e preparavam-se para ir embora.
Com
as moscas a incomodar os que teimavam em aventurar-se a mirar as
tendas, cheirava
a desalento. Parecia que estava tudo desanimado com esta nova
transferência de local, mas seria mesmo assim?
Começámos
por ouvir Fernando Luz, vindo de Leiria, e já há muitos anos
presença assídua no certame com um stand coberto de livros usados.
O que acha desta nova alteração?
Responde
Fernando: “é assim, eu estou satisfeito. Gosto deste local e os
meus clientes vieram na mesma. Há um senão: contrariamente à
Praça do Comércio, em que havia casas-de-banho públicas, aqui
não temos instalações para o efeito. Precisamos
de lavar as mãos, vamos ao café mas temos de consumir, que eles não
estão lá para nos servir gratuitamente. Vou continuar a
vir.”
Mais ao
lado está Carlos Branco, natural de Pombal, com
vários artigos usados e outros mais antigos.
Recordemos que
há cerca de um mês, aquando da primeira
muda para o largo, disse o seguinte: “gosto
deste local! Por mim continuava aqui! É um sítio muito agradável!
Comparando com a Praça do Comércio, os comerciantes daqui são mais
hospitaleiros. Parecem gostar mais de nós, entendes? É certo que
aqui, no terreiro da Erva, não há turistas, mas quanto aos clientes
que nos seguem, tenho a certeza, com o tempo habituam-se”
. Hoje,
ao ser interrogado sobre
como estava a correr o negócio, já não manifestou tanta esperança,
no entanto foi adiantando: “hoje
está pouca gente a vender porque uns foram para a praia e outros,
mais que certo, foram para a Feira Internacional de Aljubarrota, mas,
lá para Setembro, vão voltar.”
Mais
à frente está o Francisco Moreira, ex-bancário da cidade, velho
conhecido destas andanças, e que vende usados
e antiguidades na
feira local
há
décadas. Há um mês afirmou o seguinte: “o
local é péssimo! É um sítio isolado e desconhecido dos nossos
compradores. Como vês não há gente a visitar. Para além disso,
como não tem árvores, é muito quente!”. Hoje
contemporizou assim: “Olha,
Luís, na última feira estava desanimado, porque só fiz 17 euros, e
dei-te a entender que não voltava mais. Acontece que hoje, para meu
espanto, já fiz uma boa feira. Vou persistir e ver o que dá. Vou
voltar!”
Mais
ao lado, abrigados numa sombra ocasionada pela parede de um prédio,
estão dois vendedores de alfarrábios. Sem se querem identificar,
a uma só voz foram adiantando que este local não serve, é
muito exposto ao calor e não tem visitantes ocasionais. Na antiga
praça velha era melhor. “O
que a Câmara Municipal de
Coimbra (CMC) está
fazer é a servir-se de nós, vendedores, para revitalizar o espaço.
E até lá, até ficar gravado na memória das pessoas, quem nos paga
a despesa? Viremos outra vez para ver o que dá e, provavelmente,
não voltaremos mais!”
Dois
passos para o lado está um casal de meia-idade a vender livros.
Preferiu
não se identificar. Ao
ser interrogado sobre como está correr a coisa, respondeu o
seguinte: “olhe,
com franqueza, está a correr muito bem! Como somos poucos os
compradores concentram-se mais sobre quem está. Vendi a “habitués”
e até a turistas estrangeiros, que nos compraram banda desenhada.
Claro que voltaremos!”
Para
terminar, falámos com outro vendedor, que, vindo de Águeda, achou
por bem não dar o nome. À minha pergunta como estava a decorrer o
negócio respondeu assim: “muito
mal! Este sítio é péssimo! Vendi pouquíssimo”,
enfatizou.
Quando
acrescento que outros colegas declararam ter vendido bem,
tartamudeou: “não
acredite nisso! Disseram isso para ficarem bem na fotografia. Ainda
hoje, durante a manhã, andou aí um jornal a ouvir o que tinham a
dizer sobre esta mudança. Disseram todos que estavam satisfeitos,
mas mal virou costas o jornalista já estavam a dizer o contrário.
Neste ramo há pouca gente credível. Raramente dizem a verdade. Se a feira continuar aqui, neste
novo local, mais
que certo não
voltarei.”
FEIRA
DAS CEBOLAS NÃO FAZEM MINGUAR
O ESPAÇO?
Há
critérios camarários que não se entendem muito bem -se calhar
também não são para entender. Valia
mais serem directos e dizerem que o que se pretende mesmo com esta
alteração é a revitalização do novo espaço intervencionado
recentemente pela autarquia.
A
explicação para a mudança da Feira de Velharias da Praça do
Comércio para o Terreiro da Erva foi que “A
CMC diz que com esta alteração pretende valorizar um espaço da
Baixa da cidade que foi alvo de uma reabilitação urbanística
recentemente, tornando este local num espaço aprazível”
Continuando
a citar o jornal online Notícias de Coimbra, “Por
outro lado, na Praça do Comércio – onde até aqui se realizava a
Feira – têm crescido várias esplanadas de estabelecimentos
comerciais que obrigam a moldar a organização do certame.”
Ou seja: a Feira das Velharias realiza-se uma única vez por mês, ao quarto Sábado. A Feira das Cebolas vai manter-se uma semana, de 11 a 18 de Agosto. Como aceitar o argumento que crescimento das esplanadas obrigam a moldar a organização do certame de antiguidades?
Ou seja: a Feira das Velharias realiza-se uma única vez por mês, ao quarto Sábado. A Feira das Cebolas vai manter-se uma semana, de 11 a 18 de Agosto. Como aceitar o argumento que crescimento das esplanadas obrigam a moldar a organização do certame de antiguidades?
1 comentário:
Também vi folhetos a anunciar o novo espaço da feira em algumas lojas da baixa
O outro evento a decorre no Parque (Summer Marker) também poderá ter tirado alguma afluencia à Feira das Velharias
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