segunda-feira, 16 de julho de 2018

BAIXA: ENCERRARAM AS MODAS VEIGA







A Rua Eduardo Coelho acordou hoje entorpecida, sem ânimo e com cheiro a depressão. O ar respirável pesado, assim ao jeito de quando um nosso familiar parte, parece querer transmitir-se aos residentes, aos comerciantes e a quem passa. Embora no Verão e muito próprio de canícula, o tempo, como solidário com as gentes, dividindo-se entre o nublado e solarengo envergonhado, apresenta-se padecente e tristonho. Os turistas, de olhos ao alto, apercebendo-se de que esta tristeza terá uma motivação e algo não está bem, sem perguntar verbalmente, parecem interrogar: o que aconteceu aqui?
Respondemos nós: encerraram as Modas Veiga! 
Na colorida montra que deu vida a esta histórica rua comercial até Sábado passado, hoje, com um modelo masculino impresso num cartaz da Victor Emmanuel a fitar-nos intensamente, adivinhamos que a preocupação mora ali. Com um micro à frente e uma pequena faixa na boca, como a sequestrar a sua voz, a informar “ENCERRADO – mudança de instalações”, mostra dizer que só não denuncia a crise que se vive na Baixa por que não pode.
Desde 1978 na cidade – 22 anos na Rua Adelino Veiga, onde duas grandes lojas marcaram o compasso das tendências da moda e deram emprego a 14 funcionários, e nos últimos 18 na Rua Eduardo Coelho, com dois estabelecimentos, deu trabalho a quatro pessoas -, esta grande marca, representada pelo Francisco Veiga e a esposa Cila, que nos deixa sem sabermos para onde vai, pela amizade e sã convivência, leva consigo um pouco de todos nós. Ficam as lembranças que doem pela amizade que, durante anos e mais anos, nos dedicaram. São emoções que deram alento nas coisas simples da vida. Foram pontas soltas de apoio que, servindo de cimento agregador, nos ajudaram a enfrentar o dia-a-dia e a sermos mais felizes.
Se posso expressar-me assim, em nome dos profissionais do pequeno comércio, em nome dos moradores da Rua Eduardo Coelho e adjacentes, em nome da Baixa da cidade, uma grande salva de palmas.

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