(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
É
Sábado, o relógio marca 12h50. Apesar de faltarem dez minutos para
o fecho do horário afixado no vidro da montra, a pequena loja de
artigos de miudezas tem muitos clientes a serem atendidos pelos
vários funcionários. O olhar ostensivo para o pulso, acompanhados
de alguma ansiedade e com algum enfado manifestado num arfar de
esgotamento, manifesta bem a simpatia que estes empregados denotam
por quem lhes vai comprar, leva lá o seu dinheiro e, com essa
comparência, mantêm os seus empregos.
Neste
vaivém, um dos fregueses em pergunta de retórica profere: “por
que é que vocês não estão abertos na tarde de hoje, Sábado?”.
A funcionária, como se fosse picada por um insecto ou a pergunta fosse
um insulto, respondeu: “abertos
ao Sábado de tarde? Para quê? No Natal estivemos cá e não tivemos
pessoas a comprar!”.
O inquiridor, numa passividade notória mas adivinhando-se o que
pensaria, não respondeu.
Faltavam
alguns minutos para as 13h00 e a porta de acesso ao estabelecimento
foi fechada. Os muitos clientes, como compreendendo que estavam a
mais, começaram a acelerar e a dirigir-se para a caixa e fizeram uma
pequena fila. O primeiro pagador deu o cartão Multibanco para
pagamento da conta. Depois da tramitação de inserção na máquina,
a funcionária, sem qualquer sensibilidade, falando alto e de forma
que todos ouvissem, proferiu: “não
tem saldo!”.
O freguês, algo embasbacado respondeu: “não
pode ser! Por favor, tente outra vez!”
Um
pouco a contragosto, como se estivesse contrariada, a mulher voltou a
inserir a tarjeta na ranhura. Novamente, um pouco com ar vitoriosa,
proferiu no mesmo tom de voz: “não
tem saldo!”.
As pessoas na fila, num silêncio opressor mas de conluio,
entreolharam-se. O cliente, rendendo-se aos factos, disse: “estranho,
mas não há problema pode pagar com este!”
-entregando outro e liquidando a despesa.
Passados
poucos minutos depois das 13h00 a loja estava vazia. Na paz dos
anjos, todos foram em busca de um almoço retemperador. Adivinha-se
que os funcionários desta loja não perderam um minuto a pensar no
que tinha acontecido neste fim-de-semana no seu local de trabalho.
Por parte dos clientes que quase foram enxotados por terem tido a
ousadia de fazer compras uns minutos antes do encerramento, é
natural que este caso os deixassem a pensar: mas
haverá mesmo crise na Baixa da cidade?
1 comentário:
Ai, ai.... Escrever cem vezes no quadro: "a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais""a culpa da crise da baixa é dos centros comerciais"
Enviar um comentário