sexta-feira, 27 de julho de 2018

FAZ O QUE EU DIGO E NÃO FAÇAS O QUE EU FAÇO

(Imagem do Expresso online)


A fazer lembrar Pablo Iglesias, o secretário-geral do partido espanhol Podemos, quando, em 2012, na altura, criticou o ministro da economia por ter adquirido uma vivenda por cerca de 600 mil euros e, este ano, veio fazer exactamente o mesmo, eis que Ricardo Robles faz copy paste no mesmo comportamento.
Sendo Robles um feroz crítico do mercado do arrendamento local e da especulação imobiliária na cidade, mas como investidor, Ricardo Robles, vereador da câmara de Lisboa pelo Bloco de Esquerda, poderá ganhar milhões com a venda de um imóvel em Alfama, conta na sua edição desta sexta-feira Jornal Económico
Segundo o semanário, Robles comprou em 2014, juntamente com a irmã, um prédio velho em Alfama por 347 mil euros, edifício que após uma renovação foi posto à venda,no final de 2017, por 5,7 milhões de euros, numa imobiliária especializada em imóveis de luxo. Ou seja, o edifício valorizou-se mais de 4,7 milhões de euros.”, citando o Expresso online.
Salienta-se que não está em causa o facto de, num acto de compra e venda se ganhar dinheiro. Não é isto que causa vómito. Vivemos numa economia de mercado e cada um, desde que respeite as regras legais, pode fazer o que bem entende. E, pelos vistos, Robles não fez tudo legalmente? Fez, sim! Então qual o problema?
O problema não é de legalidade, é essencialmente de moral e ética. O que assistimos aqui, neste caso, é transversal ao mundo, incluindo sobretudo a Europa, Ásia, América Latina, a um abastardamento de uma esquerda que, numa supremacia transcendental no campo dos valores, sendo ateia na maioria dos casos, fora de muros prega uma doutrina cristã, assente no desligamento dos bens materiais, e dentro de portas faz o mesmo que o comum dos mortais. Mais: embrulhadas como esta de Ricardo Robles não são só de agora, como o vento que sopra dos confins da Oceania, já vêm de longe. A história está cheia de exemplos, basta lembrar grandes ditadores que, apoiando-se num discurso salvífico, vieram a transformar-se em aberrações maiores do que os anteriores ocupantes do poder que foram depostos.
A questão que ressalta é: o que fazer com este Robles e outros esquerdistas vendilhões do templo que, como vendedores de enciclopédias, teimam em impingir-nos um produto com qualidades inexistentes. Ou seja, para todos os efeitos, ainda que no campo da moral e portanto, por ser de âmbito político, não pode ser sancionado pela lei, estamos perante uma burla social qualificada. Vai criar alguma consequência? Ora, ora! Acontece o mesmo que aconteceu em Espanha, ou seja, nada! 
Ainda que partidariamente se tente passar a ideia de falsos mitos -pensemos na trasladação de dois primeiros-ministros para o Panteão Nacional-,  a democracia raramente gera governantes honestos como Mahatma Gandhi. Em contraposição, multiplicam-se os mansos, os tolerantes, os que, como eleitores, perdoam sem limite e, numa memória curta, esquecem tudo. 
É evidente que, sublinho, esta falta de vergonha não é exclusivo da esquerda, a direita está prenhe de casos iguais. É o que temos! Ponto e parágrafo.

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