quarta-feira, 25 de julho de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)

REFLEXÃO: O MEU VIVER É MAIS IMPORTANTE QUE O TEU
    É da sociologia, quando as crises,
estrutural ou de conjuntura económica, rebentam
os princípios e os valores descem ao seu mais baixo
nível de humanidade e ressalta o pior que habita
dentro de nós. Na Baixa, resultado de uma
luta pela sobrevivência, vamos sabendo de
jogadas pouco dignificantes entre operadores.
Sem pretender uma supremacia no
campo da moralidade e da ética,
nem que fosse apenas durante um minuto,
era bom que todos pensássemos que o Sol
quando nasce, pelo menos na região abrangida
pela sua luz, é para todos.
Vale a pena pensar nisto?

SEM CAIXA NÃO HÁ TACO

Segundo dados recentemente anunciados, desde 2011 perdemos 500 caixas de Multibanco por dia.
Depois de, dez em dez metros, tropeçarmos com este moderno meio de pagamento em tudo o que era rua da Baixa, com o aforismo popular de que não há fartura que não dê em fome a vir ao de cimo, eis que começa a ser preocupante a sua falta. Com o encerramento da dependência da Caixa Geral de Depósitos na Rua Ferreira Borges, num ápice, desapareceram duas máquinas de transacções automáticas - uma na rua larga e outra na Praça do Comércio - que eram um instrumento fundamental para os pequenos negócios que não detenham terminais de recebimento. Segundo queixumes que nos vão chegando, esta carência é mais uma machadada na pequeníssima loja de miudezas, que, assoberbada com custos fixos, tenta evitar mais um. Saindo o cliente com a promessa de ir levantar dinheiro, pela grande distância a percorrer, é certo que não regressa ao ponto de encontro.
Neste momento a servir o pequeno comércio e os turistas que nos visitam há máquinas instaladas na Loja do Cidadão, Rua da Sofia e Largo da Portagem. Num triângulo demasiado extenso, começa a gerar inquietação. Talvez o executivo municipal devesse debruçar-se sobre esta questão.

ASFALTO SUJO
(Esta imagem é de 2010, quando o Partido Socialista, na CMC, estava na oposição)

Não é a primeira vez que escrevemos sobre a limpeza do chão que pisamos. E também da sociedade do entulho. O que nos parece é que, nunca como até agora, as ruas, becos, praças e largos se mostraram tão sebento. Por vezes, em certas ruelas mais estreitas, sobretudo em dias mais quentes, o cheiro torna-se nauseabundo.
Já sabemos que, por declarações do vereador responsável Carlos Cidade, os meios camarários, instrumentais e humanos, são cada vez menos e que se vai abrir concurso para fazer face ao problema. Ainda que se compreenda a explicação, não se pode aceitar de ânimo leve. Para exemplificar, basta percorrer a Praça do Comércio e verificar como se encontram as pedras da calçada onde esteve instalada a FanZone.
Estando nós no pico turístico, Julho e Agosto, o cartão de visita que passamos a quem vistoria a cidade “Património Mundial da Humanidade” é deprimente. Como se adivinha, não traz nada de bom.

FEIRA DE VELHARIAS MUDOU DE LOCAL

Tal como já tínhamos escrito anteriormente e manifestado a nossa apreensão, pelos vistos a Feira de Velharias, que nos últimos trinta anos se realizou na Praça do Comércio, mudou definitivamente para o Terreiro da Erva.
É fácil de entender os argumentos do executivo municipal que servem de base para esta alteração. Ou sejam: que devido ao alargamento de esplanadas na antiga praça velha o espaço se torna cada vez mais exíguo para manter ali o certame. É verdade, porém, pela razão apontada, não se aceita facilmente o que se está a fazer. A Feira de Velharias, mesmo sem qualquer apoio municipal ao longo das suas três décadas de existência, quer na sua divulgação, quer no acomodamento dos vendedores, manteve-se relativamente viva somente pela sua localização privilegiada, já que os executivos, este e os anteriores na sua totalidade, olharam sempre os expositores com sobranceria e demérito pelo seu desempenho social na revitalização da cidade. Agora, o que se pretende é fazer dos mercadores uma espécie de actores, que à sua custa, gratuitamente, concorram para dinamizar e salvar o investimento camarário no popular terreiro.
Embora a pedir remodelação há muito tempo, diga-se a propósito, não era esta alteração que se pretendia. Aliás, conforme já escrevemos, esta mudança de local sem pensar nas consequências pode ser-lhe fatal e ditar o enterro deste popular evento a que já todos nos habituámos. Qualquer pequeno investidor inexperiente sabe que o local de instalação de um ponto de venda é uma premissa fundamental para o sucesso do empreendimento.
Quando, por exemplo, Aveiro continua estender a sua feira de antiguidades e velharias por mais artérias do casco velho, e com isso a contribuir para os cofres do município com mais taxas, Coimbra, persistindo em não onerar o espaço público ocupado mas ao mesmo tempo abandonando e não fazendo nada para a sua manutenção, continua a enterrar tudo o que possa servir de ponto de apoio e revitalização à Baixa.
É pena, não é?



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