(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Escrevi
esta amostra de poema em 2013,
aquando
do suicídio de um meu amigo.
Sendo
justos, estamos melhor. Mas as
assimetrias
societárias continuam a mandar
para
a morte demasiados portugueses,
segundo dados estatísticos, cerca de 45 mil
por ano.
segundo dados estatísticos, cerca de 45 mil
por ano.
Passando
a imodéstia, creio que vale a pena
perder
dois minutos a reler.
REFLEXÃO:
SUICÍDIO GERACIONAL
Podem
até falar-me de Átila, o flagelo de Deus,
de
Calígula, o esquizofrénico filho de Tibério,
de Gengis
Khan, o criminoso Mongol Imperador,
de Hitler,
esse louco sanguinário de cemitério,
até Mao
Tsé Tung, o homicida aterrorizador,
têm
rosto, lugar na história, marca de magistério,
liquidaram
milhões, dando a cara, em ódio castrador,
mas não
me venham com assassinos de ministério,
que,
matam, silenciosamente, pelo desânimo aterrador,
milhares
de cidadãos que não suportam o despautério
de gente
amoral, narcisista, filha de puta, cabrões sem amor,
que os
condenam à indigência, à vida de impropério,
à
vergonha de passar por um falhanço agressor,
após
terem sacrificado a família, suado, em presbitério,
viram-se
sem nada, espoliados, sem dignidade, com dor,
constataram
que a sua passagem nesta vida de mistério,
não
deixou memória, foi um vazio intragável de horror,
somente
uma aragem ligeira de um vento sem critério,
foi por
isto tudo, e muito mais, que o meu amigo, com ardor,
com a
coragem que sempre lhe conheci, o Daniel Tibério,
partiu
deste mundo sem se despedir, sendo o seu executor,
para ele,
para o Zé, para alguns outros deste hemisfério,
um sentido
respeito pela sua escolha solitária, comovedor,
que a sua
morte não fosse em vão e nos faça pensar sério,
e nos
empurre para o expurgar deste genocídio conspirador.
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