quinta-feira, 26 de abril de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA

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1 - Na semana passada, a Antena 1, na rubrica “Portugal em directo” passou uma peça sobre a crise que assola o comércio na Baixa. Lembro que na semana anterior tinha sido realizado um debate promovido pela Confederação Portuguesa das Pequeníssimas, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) onde esteve presente dezena e meia de profissionais ligados ao comércio. Fosse por pouca divulgação ou não, a verdade é que a comunicação social, escrita e falada, primou pela ausência. Resultado desta não-inscrição? O Jornal de Notícias (JN), sobre a pena de um jornalista da cidade, a posteriori, deu conta do clima que se sente na Baixa mas meteu água e a direcção da CPPME, com muita razão, mandou-se ao chão de indignação por não ter sido citada na notícia. Mas como uma asneira nunca se fica sozinha, como escrevi em cima, presumivelmente, a Antena 1, numa espécie de copy e paste, seguindo o JN, fez pior. Foi entrevistar um comerciante e uma senhora hoteleira que, alegadamente, nada sabiam sobre o encontro de comerciantes. O desconhecimento sobre o que acontecera, fê-los focar trivialidades. Por seu lado, e para borrar a escrita toda, como quem diz a locução, o jornalista entrevistou Vitor Marques, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, sobre o que se passava na Baixa. Marques, que teve conhecimento prévio da reunião e informou estar indisponível, sabia bem de tudo. Ora, quando confrontado pelo jornalista, em vez de se dignar chamar à colação o esforço da CPPME, puxou dos galões e falou unicamente do trabalho político da associação a que preside. É um pormenor? Sem dúvida, mas, para além de marcar toda a diferença, explica como a necessidade de protagonismo individual está a corroer e a mandar para o charco o comércio tradicional.
2 No maior segredo da sua gestação, como coelho tirado da cartola, na Sexta-feira da semana passada, irrompeu a notícia no jornal online Notícias de Coimbra de que tinha nascido uma nova associação: a AICEC, Associação industrial, comercial e de Empresários de Coimbra. Por aqui, pelas ruas estreitas e vielas, a pergunta que se atravessa é: Porquê tanto sigilo?
Será que, tendo em conta o aforismo, que “o segredo é a alma do negócio”, será o mistério o sangue novo, o elixir da salvação, que se pretende ministrar aos vendedores de rua?
Repetindo o que foi escrito na crónica anterior, em cima, é um pormenor? Sem dúvida, mas, para além de marcar toda a diferença, explica como a necessidade de protagonismo individual está a corroer e a mandar para o charco o comércio tradicional.

3 – Apesar de, aqui e ali, surgirem substituições e abertura de novos empreendimentos, sobretudo pela desertificação acentuada nas ruas, o negócio continua a cair na Baixa. Os ventos que saem do palácio do paço, na Praça 8 de Maio, continuam fracos e sem conseguirem tocar as velas das centenas de embarcações que precisam de trabalhar neste mar de dificuldades. Até agora, numa espécie de isco para apanhar tolos, o executivo municipal aprovou e colocou em prática o Orçamento Participativo. É pouco? É pouquíssimo! Para se tentar salvar os estabelecimentos que restam com áreas que compõem a diversidade na zona histórica, esperava-se muito mais. Para quem segue a política local com atenção, dá impressão que os eleitos da maioria vivem num mundo à parte. Até onde vai conduzir este desinteresse pela revitalização da Baixa? É a interrogação que perpassa de cidadão para cidadão. Sim, porque, não tenhamos dúvida, este alheamento não será por acaso e por certo terá um objecto! É tudo uma questão de tempo!


4 – A cidade, talvez com maior incidência a Baixa e a Alta, como praga que caiu de um sistema que prima em não combater os indícios e depois, quando actua tardiamente, faz tudo mal, está ser conspurcada por pichagens e grafitados em paredes de edifícios, monumentos, muros. Tudo indica estarmos perante uma pandemia social. Como exemplo de cidadania activa, salienta-se o esforço de um munícipe de nome Bruno Alexandre Borges em denunciar o que nos caiu em má-sorte, na Página da Câmara Municipal de Coimbra (não Oficial).
É certo que, há dois dias numa reunião do executivo municipal, o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, afirmouque é “intolerável a vandalização e a pichagem do património” que tem vindo a acontecer em diversas zonas da cidade.
Portanto, por antecedentes de que palavra prometida é palavra cumprida, levando em conta que sentença de Machado é compromisso realizado, todos podemos dormir descansados -incluindo o nosso concidadão Bruno Borges.

5 – Neste último Sábado, na aldeia de Chelo, no concelho de Penacova, o vetusto salão do União Popular e Cultural de Chelo foi pequeno para receber tantos amigos que, pela sua presença, pretendiam homenagear o Manuel Ribeiro, um ex-comerciante da Baixa. Marcaram presença cerca de 180 pessoas.
O homem que já deu a volta ao mundo, já foi a cara do Infinito, já foi o rosto do Eldorado e agora, pelas voltas que a vida dá, é simplesmente o Ribeiro, por palavras vincadas a ferro de reconhecimento, mostrou-se que a sociedade, nos princípios e valores, não está completamente em desagregação. Ainda se aproveita qualquer coisinha! Será mesmo? Podemos projectar este feito transversalmente? Como quem diz, nas grandes cidades? Ou estes sentimentos de nobreza já só prevalecem nos ambientes rurais? Se, por acaso, esta homenagem fosse em Coimbra, mais propriamente na Baixa, quantos amigos juntaria o Ribeiro? Uma vintena?

6 – Segundo informações obtidas pelo nosso repórter de exterior, mister Olho de Lince, recentemente chegado dos Estados Unidos, ao que parece, a recém-desaparecida Casa do Castelo, que encerrou em junho de 2017, uma livraria que já vinha da velha Alta e durante décadas esteve instalada na Rua da Sofia, em pleno coração da Baixa, muito em breve, para gáudio de todos nós, vai ser ocupada novamente com livros. O novo ocupante, que trata os alfarrábios por tu há muitas décadas, é um nosso conhecido e amigo, o José de Almeida Gomes, que vai complementar o armazém do Tovim de Cima com uma loja na Baixa. Seja bem-vindo, senhor Gomes!

Foto de Baixa de Coimbra.
7 - Promovida pela Agência de Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) e em colaboração com a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, de 21 a 28 deste Abril águas mil, está a decorrer a Semana do Bacalhau. O evento tem a adesão de 38 restaurantes, todos situados no casco velho com 13 inscritos a concurso a decorrer, numa “prova cega”, na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra. Cada restaurante, independentemente de se apresentar a concurso ou não, pagará de inscrição 20 euros. Segundo o Diário de Coimbra, “sendo o total de 720 euros distribuído em partes iguais pelo Ninho dos Pequenitos (instalado no Instituto Maternal Bissaya Barreto e Liga dos Pequenitos -associação sediada no Pediátrico de Coimbra).

BOA SEMANA!

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