(Fotos de Marina Rodrigues)
O
“Manel Rato” era meu amigo. Foi um homem simples e anónimo
cidadão. Foi um bom pai e bom chefe de família. Trabalhou durante muitas décadas na CP, em Coimbra. Morava nos Moinhos,
concelho de Miranda do Corvo. Faleceu ontem e vai ser hoje o seu
funeral. As cerimónias fúnebres começarão cerca das 14h00 na
capela da sua terra e depois do ritual litúrgico encaminhar-se-á o
féretro para o cemitério de Miranda do Corvo.
Para
a família enlutada, sobretudo para os seus filhos, a Marina, a
Anabela, a Marta e o Cláudio, os meus sentidos pêsames.
Em
sua memória, porque gostava muito dele, para que um dos filhos leia
na partida, compus este pequeno poema:
POEMA
DA DESPEDIDA (PARA O MEU PAI)
Vejo-te
estendido, meu pai, pareces somente dormitar,
a reflectir,
de olhos fechados, tristes em cor de solidão,
como se
estivesses só no mundo, no meio desta multidão,
acredita, não
estás sozinho, estamos cá para te acompanhar,
a tua vida
foi cheia de tudo, de alegria, e até no trabalhar,
deste muito,
foi um gosto ter-te, obrigado pela abnegação.
Quando
juntos à lareira, no inverno, víamos o fogo crepitar,
a devorar as cavacas de madeira que esforçadamente
cortavas
no alpendre, tendo como testemunhas silenciosas o nosso
cão
e os gatos, reparava que nunca choravas, nunca te
lamentavas,
como a andorinha que indo e vindo, aceitavas sem
formulação,
com o teu sorriso malandro, disfarçando, sorrias e
cantavas.
Esses
teus cabelos brancos, que lembravam o Cunhal,
remetendo-nos para um moleiro a sair dos moinhos
enfarinhado,
faziam de ti um obreiro, o mestre de um velho barco
ancorado,
o amigo de todos, o camarada simples, a mensagem
espiritual,
foste
bom companheiro, “Manel
Rato”,
serás sempre abençoado,
pelos teus filhos, que sempre te amarão, uma lágrima
imortal.
Até
sempre, meu pai! Uma salva de palmas pelo teu passado!
(Luís
Quintans)
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