sexta-feira, 27 de abril de 2018

FALECEU O MANUEL RATO

Foto de Marina Rodrigues.
Foto de Marina Rodrigues.
(Fotos de Marina Rodrigues)

O “Manel Rato” era meu amigo. Foi um homem simples e anónimo cidadão. Foi um bom pai e bom chefe de família. Trabalhou durante muitas décadas na CP, em Coimbra. Morava nos Moinhos, concelho de Miranda do Corvo. Faleceu ontem e vai ser hoje o seu funeral. As cerimónias fúnebres começarão cerca das 14h00 na capela da sua terra e depois do ritual litúrgico encaminhar-se-á o féretro para o cemitério de Miranda do Corvo.
Para a família enlutada, sobretudo para os seus filhos, a Marina, a Anabela, a Marta e o Cláudio, os meus sentidos pêsames.
Em sua memória, porque gostava muito dele, para que um dos filhos leia na partida, compus este pequeno poema:


POEMA DA DESPEDIDA (PARA O MEU PAI)

Vejo-te estendido, meu pai, pareces somente dormitar,
a reflectir, de olhos fechados, tristes em cor de solidão,
como se estivesses só no mundo, no meio desta multidão,
acredita, não estás sozinho, estamos cá para te acompanhar,
a tua vida foi cheia de tudo, de alegria, e até no trabalhar,
deste muito, foi um gosto ter-te, obrigado pela abnegação.

Quando juntos à lareira, no inverno, víamos o fogo crepitar,
a devorar as cavacas de madeira que esforçadamente cortavas
no alpendre, tendo como testemunhas silenciosas o nosso cão
e os gatos, reparava que nunca choravas, nunca te lamentavas,
como a andorinha que indo e vindo, aceitavas sem formulação,
com o teu sorriso malandro, disfarçando, sorrias e cantavas.

Esses teus cabelos brancos, que lembravam o Cunhal,
remetendo-nos para um moleiro a sair dos moinhos enfarinhado,
faziam de ti um obreiro, o mestre de um velho barco ancorado,
o amigo de todos, o camarada simples, a mensagem espiritual,
foste bom companheiro, “Manel Rato”, serás sempre abençoado,
pelos teus filhos, que sempre te amarão, uma lágrima imortal.
Até sempre, meu pai! Uma salva de palmas pelo teu passado!

(Luís Quintans)

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