Desde
esta última Segunda-feira que a Rua da Louça está diferente, para
melhor. Quem percorre agora esta via chamada outrora de
Tinge-Rodilhas, e que nas primeiras quatro décadas do século XX
também já foi apelidada de Bordallo Pinheiro, sem que nada se faça
para isso, de repente, é o instinto que o impele, está olhar para
um estabelecimento novo, recentemente aberto -no desaparecido espaço da sapataria Clarinha. Talvez seja a
harmonização de cores mornas, amarelo, azul-mar e bege, que emanam
das suas vitrinas, ou talvez, quem sabe, de uma espiritualidade imanente
e tangível pelos sentidos. Se pararmos junto das montras,
inevitavelmente, somos impelidos a entrar pela empatia, voz suave e
musical de Josirene -mais à frente contarei mais.
Com
o singular logótipo de “Mandacaru”, cujo nome se atribui
a um popular cacto disseminado no semi-árido Nordeste do Brasil,
que, nascendo e crescendo no campo sem qualquer trato, está adaptado
a viver em clima seco e praticamente sem água, dá para perceber a
analogia. Em comunicação subliminar, dá para apreender que, contra
ventos, tempestades e maremotos, este novo estabelecimento veio para
resistir a tudo e ficar.
É
uma iniciativa empresarial de uma família radicada em terras de Vera
Cruz. Composta pelo Tiago e Luciana, os mais novos da prole, e o
Franklin e a Josirene. Quem conta um pouco da história, com a sua
peculiar simpatia transbordante, é Josirene: “Temos uma grande
loja deste género na cidade de Natal, na
região Nordeste do Brasil, com 15 funcionários. Natal
é uma urbe linda, com muito turismo. Como sempre gostei de conhecer
mais mundo e um apetite voraz por viajar, há uns meses estávamos a
planear uma viagem ao Uruguai. Foi então que surgiu o pensamento: e
se visitássemos Portugal? Num repente, passando à prática,
estávamos em Lisboa e a correr todas as grandes cidades portuguesas.
Com Coimbra foi amor à primeira vista. Ficámos logos apaixonados,
pelas gentes, pelo seu trato, pela tranquilidade que este lugar nos
transmite. Reparámos também que, por onde passámos, não há
muitas lojas de produtos tradicionais brasileiros. E foi assim que o
meu esposo, o Franklin, foi ao Consulado de Portugal e pediu um visto
de residência para aposentados. Agora somos nós que estamos a
tratar da nossa legalização...”
Fomos
interrompidos por um provável cliente que, com olhar de curiosidade,
irrompeu no espaço visual das montras. Como soldado de plantão em
guarda ao seu castelo, numa mensagem doce e convidativa, atira
Josirene: “Bom dia! Seja bem-vindo! Vamos entrar?”
2 comentários:
Muito obrigada pelas palavras Luis! Sentimos-nos lisongeados e muito bem acolhidos aqui!!! Esperamos contribuir com a família da Baixa!!!
Muito obrigada pela palavras. Nos sentimos lisongeados e bem acolhidos. Esperamos contribuir com a família da Baixa de Coimbra!!!
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