quinta-feira, 27 de agosto de 2015

UM COMENTÁRIO E UMA RESPOSTA




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...":


Olhe, caro Luís Fernandes, com todo o respeito, especula mal sobre as minhas intenções, o que é sempre um risco do especular. Eu apenas quero saber do que trata isto tudo e, volto a dizer, essa do “eu depois falo”, acho mal. Não concorda comigo? Se o Luís Fernandes nos vai esclarecer, tanto melhor. Não conheço o senhor Paulo Diniz, nem tenho de conhecer, nem de saber se é alinhado, se não é alinhado. Sou apenas cliente e, como cliente, sei onde quero ir comprar e onde não quero ir. Se alindarem o mercado, lhe puserem uns espaços de restauração modernos, apelativos, mais umas coisas, eu passo a ir mais vezes e pode ser até um local de passeio para a família e de caminho compram-se coisas. É tudo e é simples. Os políticos são aldrabões e não querem fazer nada disto? Então, abaixo os políticos.
Diz que estas pessoas “escrevem por amor à causa, sem interesses materialistas objetivados”… Que raio quer isso dizer, com perdão da palavra? É suposto que os comerciantes tenham interesses materialistas objetivados, do género chamar clientes para vender coisas. Ora, os clientes vão onde se sentem bem. Eu sei isto e não tenho curso de comércio.



RESPOSTA DO EDITOR


Mais uma vez lhe agradeço o comentário, meu caro anónimo. Já vi que, para não perceber patavina do que escrevi, não fui suficientemente claro. Culpa minha, admito com humildade. Vou tentar arguir, ponto por ponto, as suas dúvidas. Vamos lá:

“Olhe, caro Luís Fernandes, com todo o respeito, especula mal sobre as minhas intenções, o que é sempre um risco do especular.”

Dá para perceber que o caro amigo, com tão pouco tempo que tem para apreender a informação que lhe chega ao conhecimento, lê transversalmente. Acontece aos melhores. Devo dizer que a especulação não era para si, comentador, mas para o executivo –concordo que não ficou claro, daí a confusão. Se lesse com mais atenção isso seria elementar, mas volto a sublinhar: não estava claro, penitencio-me.

“(…) essa do “eu depois falo”, acho mal. Não concorda comigo? Se o Luís Fernandes nos vai esclarecer, tanto melhor.”

Eu nunca escrevi “eu depois falo”. Por outro lado, sejamos claros, o meu papel aqui não é esclarecer ninguém –esta atribuição é da responsabilidade da Câmara Municipal. No máximo, o meu ofício –se considerado assim- é tentar chegar a uma compreensão sem ter os elementos todos. Ou sendo generoso, de premissa em premissa chegar a uma conclusão subjectiva, ainda que provisória em face da definitiva, que só o detentor da verdadeira possuirá. Como sabe, tão bem como eu ou ainda melhor, quem escreve está sempre a exercitar a mente com imaginações, umas vezes mais certas outras mais erradas.

“Não conheço o senhor Paulo Diniz, nem tenho de conhecer, nem de saber se é alinhado, se não é alinhado.”

Mais uma vez me parece que o caro anónimo não leu com atenção –dando-lhe ainda a prerrogativa de eu não ter sido claro. Nem me passa pela cabeça que o senhor intencionalmente, mostrando alheamento, faz a apologia da desgraça para melhor reinar na sua certeza. Ao classificar de “não-alinhados” não me referia ao senhor Paulo Dinis mas sim a quem escreve em blogues (volte a ler, se faz favor).

“Os políticos são aldrabões e não querem fazer nada disto? Então, abaixo os políticos.”

Eu escrevi esta sua frase? Não? Pois não! Não leu isso em lado nenhum, antes pelo contrário –recomendo-lhe ler aqui e aqui. Trata-se de uma especulação sua. O que quer dizer que, para além de mim, há outros que também imaginam coisas –o que é saudável, diga-se a propósito.

“Diz que estas pessoas “escrevem por amor à causa, sem interesses materialistas objetivados”… Que raio quer isso dizer, com perdão da palavra?”

Muito simples caro articulista anónimo, refiro que quem escreve em blogues –como eu, e aqui desabafo por mim- fá-lo por amor à camisola, sem interesses que transcendam o gosto por escrever e intervir na causa pública sem interesse partidário –quando me vir integrado num partido político, como edil, chame-me aldrabão. Quando referia interesses materialistas queria dizer que não busco recompensas sejam de que género for. Quando souber que aceitei um prémio atire-me o epiteto de mentiroso. Intervenho somente pelo gosto de ter voz na polis, nas causas sociais, e nada mais. Não precisa de escrever que não acredita. Antecipando, dá para antever que a sua desconfiança é prevalecente. Problema seu, meu caro anónimo.

“É suposto que os comerciantes tenham interesses materialistas objetivados, do género chamar clientes para vender coisas. Ora, os clientes vão onde se sentem bem. Eu sei isto e não tenho curso de comércio.”

É verdade o que afirma. Porém –há sempre um porém- classificar os interesses dos comerciantes unicamente no “chamar clientes para vender coisas”, concordemos, é demasiado redundante. Os comerciantes são humanos como outros quaisquer, uns com maior sensibilidade social e outros menos. Contrariamente ao que possa parecer, para mim, uma profissão é sobretudo um instrumento de receita que, através do trabalho produzido, permite sobreviver na comunidade. É uma vocação que se aperfeiçoa e cola exteriormente. Ainda que os genes possam influenciar a escolha, creio, ninguém nasce profissional. Nasce com aptidão para algo. Quero dizer, portanto, que os interesses materialistas objectivados podem não ser necessariamente o vender, enquanto objecto final. A venda pode ser um meio para resistir e não um fim em si mesmo.
Não fui muito longo, pois não? Também me queria parecer! Sou sempre muito sucinto. Já sei!




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