É Sábado, 8 de Agosto, o dia está com 30 graus
de canícula às 14h30. Sob um Sol arrasador, capaz de torrar café, os artesãos,
que são ao mesmo tempo produtores e vendedores, aguentam estoicamente a
temperatura elevada. Com muitos dos conimbricenses em férias, a rua está composta
sobretudo por turistas estrangeiros em trânsito pela cidade.
A pergunta que emerge, entre
outras, é: vale a pena vir de longe até Coimbra para mostrar os trabalhos de
artesanato? Falei com vários artesãos e, sem dúvida, mesmo com pouco negócio
realizado hoje, vale sempre a pena, confidenciam-me quase em uníssono. Quem anda no artesanato e tem por esta arte
tradicional adoração, vai até ao fim do mundo pela sua paixão, poderia
resumir-se assim.
Comecei por interrogar Anabela Aidos, que vem
de Anadia, se continua a ser rentável percorrer cerca de trinta quilómetros
para mostrar os seus “meninos”, as
suas obras que serão para si como filhos do coração. “Sim, vale a pena! Frequento esta feira há cerca de dois anos e continuo
a gostar muito. Umas vezes faço mais, outras vezes menos, mas venho com muito
gosto. Até agora já fiz 130,00 euros. Está a ser uma boa feira para mim.”
Desvio-me um pouco para o lado e vou falar com
Armindo Pinto. Vem de Coja, a cerca de 60 quilómetros da cidade do Mondego.
Diz-me que frequenta a feira desde há cerca de dois anos. Está aposentado e,
para além de servir para ocupar o seu tempo de ócio, serve também para ganhar
mais uns trocos. Gosta muito deste certame. Apesar do calor e de até agora só
ter vendido cerca de 50,00 euros continua muito satisfeito.
Um pouco mais para cima está a Graça Fonseca.
Vem de Penacova, que dista cerca de 20 quilómetros da cidade dos estudantes.
Trabalha em Coimbra e começou nestas lides por o marido ter estado desempregado
durante muito tempo. Como gosta muito de artes, o iniciar a fazer trabalhos em
tecidos, rendas e madeiras, foi o melhor que lhe poderia ter acontecido. Está
muito agradecida à municipalidade coimbrã por esta oportunidade de poder
mostrar os seus trabalhos. Até agora fez cerca de 50,00 euros.
Mais acima, abrigada numa sombra paradisíaca,
está a Isabel Parente com espectaculares trabalhos em cerâmica. Predominam as
imagens de estudantes e arte sacra, entre outras, desde as figuras da Rainha
Santa até ao nosso Santo António casamenteiro. É de Coimbra e trabalha na
cidade. Faz estes bonecos com muito amor e carinho. É um hobby que não deixaria por dinheiro nenhum. Já vendeu cerca de 40,00 euros. É o que costuma fazer quando expõe na Rua Visconde da Luz uma vez
por mês. Está muito agradecida à Câmara Municipal pela possibilidade.
Mais acima ainda, acompanhada do marido, está
a Maria Alice Girão, uma senhora minha conhecida das andanças no folclore. Até
agora fez 10,00 euros. Está satisfeita mas, a seu ver, a cidade peca por não
ter um espaço polivalente para realizar estes certames. No seu entendimento, a
Câmara Municipal deveria aproveitar o espaço vago do Mercado Municipal, Dom
Pedro V, sobretudo na área dedicada à venda do peixe, para levar para lá este
género de feiras e outras actividades culturais e, juntando tasquinhas e
doçaria tradicional, revitalizar a nossa popular praça que se encontra endémica.
Lamenta que o folclore esteja a ser pouco apoiado por este executivo e recorda
o saudoso Mário Nunes, vereador da Cultura, no anterior executivo da Coligação
por Coimbra.
Falei também com um grupo de italianos, com dois
nomes femininos iguais, duas Nadias no mesmo conjunto, e disseram estar
encantadas com esta feira a decorrer na cidade. Enfatizaram que gostavam muito
de ver os produtos manufacturados. Um encanto para os seus olhos.
(Para a semana poderá
ver e ouvir estas entrevistas em vídeo)
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