Agosto, sem gosto e a contragosto, foi o último
mês de vida da loja “Essências Gourmet”,
situada no Terreiro da Erva, ao lado do restaurante Cantinho dos Reis. Com uma
crónica de notícia de abertura, acompanhei de perto a fase de iniciação comercial
da docente Helena Pereira. Pude ver com os meus olhos o quanto esforço despendeu
para manter o seu ponto de venda activo e rendível. Fez publicidade em
panfletos distribuídos pelas caixas de correio, construiu o seu site de vendas
online, editou a sua página no Facebook. O maior de todos, retirando o
investimento global, foi a verba gasta num toldo implantado à frente do
estabelecimento. Passados seis meses, a imaginação e a esperança de se sair bem
desta aventura mercantil, sem comiseração nem piedade, tudo junto este meio-ano
levou.
E como é que está a Helena -a doce Helena, se posso
escrever assim, e ao mesmo tempo um turbilhão impressionante de força anímica-
depois deste desaire?
“Olhe,
já chorei o que tinha a chorar. Estou a tentar recompor-me! Perdemos alguns
milhares de euros mas –como era dinheiro nosso- não é o fim do mundo. Mas estou
muito triste, sim, confesso! Ali deixo o meu sonho, uma parte de mim. Entreguei-me
de corpo e alma a este negócio. Estava convencida que o sucesso de cada um dependia
essencialmente do esforço despendido mas, deu para ver, não é assim. Por mais
empenho que se empregue, em face da conjuntura, não há volta a dar. Foi uma
lição de vida que não esquecerei jamais. Aprendi muito.
Gostava
de ter sentido maior apoio por parte da Câmara Municipal de Coimbra e não senti.
Antes pelo contrário. Paguei taxas e taxinhas e até para encerrar a loja tive
de perder quase duas horas para cumprir o estabelecido nos regulamentos. Acho
que a edilidade, tal como faço com os meus alunos mais novos, deveria
acompanhar mais de perto quem começa de novo e não deveria tratá-los como
iguais entre diferentes. Se a autarquia continuar assim, para quem se inicia
nestas lides, se não houver mais apoios, dificilmente passará os seis meses.
Levo comigo esta tristeza imensa. Estive para abrir o negócio em Aveiro e
acreditei que Coimbra, a mítica cidade dos estudantes, a urbe recentemente
classificada pela Unesco como Património Mundial da Humanidade, seria
diferente. Não é! Por parte do fluxo turístico que procura a cidade, ninguém
encaminha os visitantes e os distribui equitativamente. Levo no coração um nó
–e leva a mão aberta ao peito. Mas,
pronto, eu e o meu marido, ainda somos novos e não é o fim da estrada. Mas dói
muito. Se dói!
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