segunda-feira, 31 de agosto de 2015

OS SEIS MESES DE VIDA DA "ESSÊNCIAS GOURMET"





Agosto, sem gosto e a contragosto, foi o último mês de vida da loja “Essências Gourmet”, situada no Terreiro da Erva, ao lado do restaurante Cantinho dos Reis. Com uma crónica de notícia de abertura, acompanhei de perto a fase de iniciação comercial da docente Helena Pereira. Pude ver com os meus olhos o quanto esforço despendeu para manter o seu ponto de venda activo e rendível. Fez publicidade em panfletos distribuídos pelas caixas de correio, construiu o seu site de vendas online, editou a sua página no Facebook. O maior de todos, retirando o investimento global, foi a verba gasta num toldo implantado à frente do estabelecimento. Passados seis meses, a imaginação e a esperança de se sair bem desta aventura mercantil, sem comiseração nem piedade, tudo junto este meio-ano levou.
E como é que está a Helena -a doce Helena, se posso escrever assim, e ao mesmo tempo um turbilhão impressionante de força anímica- depois deste desaire?
“Olhe, já chorei o que tinha a chorar. Estou a tentar recompor-me! Perdemos alguns milhares de euros mas –como era dinheiro nosso- não é o fim do mundo. Mas estou muito triste, sim, confesso! Ali deixo o meu sonho, uma parte de mim. Entreguei-me de corpo e alma a este negócio. Estava convencida que o sucesso de cada um dependia essencialmente do esforço despendido mas, deu para ver, não é assim. Por mais empenho que se empregue, em face da conjuntura, não há volta a dar. Foi uma lição de vida que não esquecerei jamais. Aprendi muito.
Gostava de ter sentido maior apoio por parte da Câmara Municipal de Coimbra e não senti. Antes pelo contrário. Paguei taxas e taxinhas e até para encerrar a loja tive de perder quase duas horas para cumprir o estabelecido nos regulamentos. Acho que a edilidade, tal como faço com os meus alunos mais novos, deveria acompanhar mais de perto quem começa de novo e não deveria tratá-los como iguais entre diferentes. Se a autarquia continuar assim, para quem se inicia nestas lides, se não houver mais apoios, dificilmente passará os seis meses. Levo comigo esta tristeza imensa. Estive para abrir o negócio em Aveiro e acreditei que Coimbra, a mítica cidade dos estudantes, a urbe recentemente classificada pela Unesco como Património Mundial da Humanidade, seria diferente. Não é! Por parte do fluxo turístico que procura a cidade, ninguém encaminha os visitantes e os distribui equitativamente. Levo no coração um nó –e leva a mão aberta ao peito. Mas, pronto, eu e o meu marido, ainda somos novos e não é o fim da estrada. Mas dói muito. Se dói!

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