Hoje, durante a manhã, por causa do continuado
abuso de alguns munícipes, de conspurcarem a Baixa com lixo na via pública fora
dos horários regulamentados, via telefone, contactei um quadro superior do
departamento correspondente na Câmara Municipal de Coimbra para que se criassem
soluções para o inconveniente que, sendo diário, para além de ser fastidioso, começar a ser um problema de saúde pública. Ou seja, quanto mais se arrastar a
ineficácia por parte da entidade responsável, naturalmente, maior será a sua amplitude e ao ponto de se tornar
incontrolável. Ora, perante o meu apelo, o visado respondeu com interrogações: “O que podemos fazer? Acha que podemos
colocar um funcionário a fiscalizar cada esquina da Baixa? Compreenderá que não
temos meios para ir levantar agora os resíduos? As coimas são da esfera da
Polícia Municipal, entende? Na generalidade, os habitantes do centro histórico
são de baixa formação cívica, o que podemos fazer? Andou aí um funcionário
durante meses, de porta em porta, a sensibilizar a população para cumprirem os
pressupostos e valeu de pouco, o que podemos fazer mais? Se não vão pela via
formativa, o que se pode fazer para os obrigar a cumprir?”
Agora, por momentos, saiamos deste assunto que
fede e entremos nos incêndios que, há décadas e ano após ano, devastam toda a
mata nacional. São apresentadas soluções para acabar com esta calamidade? Não,
não são! O que é dito pelos governos sucessivos, no início de cada temporada, é
que os meios contratados são de modo a acautelarem a catástrofe. No fim de cada
verão a área ardida é, quase, sempre maior do que a do ano anterior. O que
pensa e como reage o povo a esta constatação? Primeiro, cogita que esta
continuada omissão é gato escondido com
rabo de fora. Como quem diz, que a negociata com os contratos de meios
aéreos está por detrás da pouca vontade governamental para resolver esta
tragédia. Segundo, que a justiça, ao serviço de interesses obscuros, não
funciona. Terceiro, se mandam e querem assim, deixem arder que o meu pai é bombeiro.
Passemos para o escândalo dos depositantes do
BES, que, num país de brandos costumes, teimosamente e não se sabe até quando,
continuam a lutar pelos seus direitos. Como são olhados pelo cidadão comum? Com
apatia e desligamento. É um assunto deles e não nosso! Se perderam era porque
tinham. A classe política e o “zé povinho”
continuam a apostar que serão vencidos pelo cansaço e, mais tarde ou mais cedo,
acabarão por desistir. Onde começa e acaba a justiça e os direitos
constitucionais de cidadania? Ninguém sabe, mas também não é assunto geral, de
todos, é apenas de alguns, deles, que foram lesados! E todos, menos os
prejudicados, dormimos de consciência tranquila.
Hoje o Jornal de Notícias, em primeira página,
apresenta em título que “quase metade das
vendas dos híperes são promoções”. Ninguém se questiona o malefício de
destruição que estes descontos estão a provocar no pequeníssimo comércio de
rua. Fazem “dumping” –vendas abaixo
do seu preço de custo? Ninguém sabe nem, aparentemente, se procura saber. Pelo
estertor causado, habituamo-nos todos a olhar para isto como uma vulgaridade. Ou
seja, da ilegalidade implícita transformámos em legalidade e aceitamos todos
ser chicoteados e maltratados pelo mais forte, pela lei da selva. Onde está a
entidade reguladora? Onde fica a defesa dos mais fracos pela justiça? Ninguém
sabe. O que sabemos é que, diariamente, assistimos a um cruzar de braços de
quem deveria intervir e nada faz. E nós? Deixamos correr! Afinal o Estado não é
constituído por todos mas apenas por alguns! Enquanto houver riqueza para consumir -e alguns enriquecerem sem escrúpulos-, destrua-se à vontade! Os nossos vindouros que se desenrasquem!
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