segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O LIXO DA CONSUMIÇÃO





Para não variar e a começar a semana nesta segunda-feira, cerca do meio-dia e deixado ao romper da manhã, um enorme caixote de papelão com lixo diverso marcava o terreno no Largo da Freiria. Na Praça do Comércio, em frente à vetusta Igreja de São Tiago, edificada no século XII, um saco com restos, no chão, junto ao contentor mostrava o costume diário de largar os resíduos domésticos a qualquer hora do dia e fora dos horários regulamentares –que é entre as 19 e as 21h00. Na rua Adelino Veiga um saco abandonado na calçada parece pedir um pontapé pelo casal de turistas que está próximo. Mais à frente, no Largo do Paço do Conde, mais um saco, junto ao contentor e próximo de uma loja de compra de ouro, parece querer dizer que o lixo é mesmo uma mina e não é preciso muito para o encontrar.
Também para não contrariar, mais uma vez se telefonou para o Departamento de Ambiente da Câmara Municipal de Coimbra para, no mínimo, mandar retirar o aborto do Largo da Freiria. Mais uma vez se invocou a necessidade de actuar com severidade sobre quem teima em furar o esquema. Invocou-se que estamos em Agosto, no pico do turismo, e que, vendo as ruas da Baixa assim com detritos abandonados junto a restaurantes, a ideia que levam para os seus países de origem é que somos um burgo sujo e onde o lixo parece emergir ao virar de cada esquina. Do outro lado do cabo telefónico, mais uma vez se mostrou a completa impotência para lidar com este assunto. A resposta, se é que se deve considerar assim, foi com interrogações. O que podemos fazer? Acha que podemos colocar um funcionário a fiscalizar cada esquina da Baixa? Compreenderá que não temos meios para ir levantar agora os resíduos? As coimas são da esfera da Polícia Municipal, entende? Na generalidade, os habitantes do centro histórico são de baixa formação cívica, o que podemos fazer? Andou aí um funcionário durante meses, de porta em porta, a sensibilizar a população para cumprirem os pressupostos e valeu de pouco, o que podemos fazer mais? Se não vão pela via formativa, o que se pode fazer para os obrigar a cumprir?
Não é preciso ser bruxo para adivinhar que as respostas a todas estas questões não cabem a quem subscreve estas palavras. Os técnicos superiores e subalternos da edilidade são pagos para pensarem no melhor para os cidadãos. Os políticos foram eleitos e, mensalmente, auferem um ordenado para, juntamente, com os quadros superiores almejarem o superior interesse comunitário para o melhor serviço público. Uma situação se constata: é triste verificar que, em face da rendição e não intervenção na aplicação de coimas aos infractores, temos de desistir e deixar as coisas como estão. Assim seja! Venham a nós todos os porcalhões. Façamos votos para que a Unesco, que atribuiu a classificação de Património Mundial da Humanidade a Coimbra, tenha compreensão e não venha a retirá-la por incapacidade dos serviços tutelares.


Sem comentários: