(Foto d'O Teatrão)
Inserido no projecto promovido pela companhia
de teatro O Teatrão “Ó do Bairro”, um
“workshop” de expressão dramática que
tem por intenção colocar cara-a-cara moradores ou trabalhadores a contar as
suas histórias de vida através de uma viagem experiencial aos mais novos, hoje,
cerca das 10h00, realizou-se mais uma sessão.
Num convite formulado ao escritor
Carlos Pinto dos Santos –e amavelmente aceite-, conhecido por “Tony” quando era
criança nascida e criada na Rua das Padeiras, adultos e infantes, assistimos
embebecidos à narração das suas tropelias nos seus tempos de puto, por alturas
de meados da década de 1950. Desde o ser transportado encavalitado nos comboios
a carvão para a Figueira da Foz para ver a garraiada, jogar ao abafo a levantar cromos com a mão em
concha, até ao jogar à bola de trapos no terreno pelado do Largo do Romal, as
suas narrativas existenciais gravadas a fogo na memória e que deram origem ao
livro, “Por Portas Travessas”, em
edição de autor, algumas histórias por ele vividas foram ali recordadas com amor e, volta e meia, interrompidas por um ou outro miúdo. De vez em quando um braço no
ar e seguido da interpelação: “o que é uma
garraiada?”. E o “avô” Tony pacientemente explicava.
De salientar que Pinto dos Santos tem ainda
alguns livros para vender a um preço muito interessante. Se o leitor quiser
adquirir algum exemplar pode fazer o pedido através da sua página do Facebook. Aqui.
Quanto a mim, narrador de segunda
classe de casos e acasos, embora esteja praticamente no último capítulo do seu
livro, fui também um ouvinte atento. Uma coisa é ler, outra é ouvir o
desenrolar dos factos ao vivo e a cores pelo escritor.
Em nome de todos, das paredes carcomidas do
prédio decrépito do Largo da Freiria –que parecia chorar de dor por já não
haver crianças a brincar como no tempo da infância do “Tony”-, em nome d’O
Teatrão, em meu nome pessoal, em nome da Baixa, bem-haja Pinto dos Santos!
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