Estavam a bater as nove badaladas na torre
sineira da igreja de Luso quando o grupo constituído por mais de uma dezena de
participantes deu início ao “IV Passeio
de Bicicleta de Várzeas”. Nem um São Pedro pouco colaborativo e egoísta,
como a lembrar que por ser Domingo deveriam estar a assistir à missa na Igreja
da vila mais bela de Portugal e que, por isso mesmo, tocou de lhes mandar para cima das costas uns
bons litros de chuva, os fez demover de percorrer as cercanias de todos aqueles
vales e planícies encantadas.
Cerca das 13h30, no Pavilhão da aldeia, com as
mesas a formar um U praticamente repletas, cerca de oito dezenas de amigos,
velhos e novos, se atiraram à sopa de legumes tão bem confeccionada e a fazer
lembrar o tempo da minha avó Madalena. A seguir veio uma feijoada caseira, a
parecer ter sido feita ao lume de brasas, que me fez repetir, uma, duas vezes,
como se não tivesse comido na última semana.
Com a minha tia Dorinda, a
embaixadora de boa-vontade, recentemente saída do hospital e que do alto das
suas oitenta primaveras parece que está fadada para as curvas e sempre a dar
lições aos mais novos. Sem o pronunciar, com a sua presença, parecia transmitir:
“sejam amigos, aproveitem enquanto andam
por cá, não guardem rancores e azedumes na alma, gozem a vida, porque só temos
uma e não outra para redimir esta.”
Sempre sobre a especial vigilância atinente
dos meus primos Neves, Gil e Fernando, e com a entrega plena na rectaguarda do Marco Neves e dos Midões, do Edgar e da Anabela -esta juntamente com a Fátima Rodrigues foram as responsáveis pelo pitéu pantagruélico- todos juntos e outros que não refiro foram a face esforçada da comissão que realizou este evento, com um carinho especial para todos. Nada ali faltou. Ou faltou? Faltou sim: deveria lá ter estado o Luís Fernandes,
o meu primo e filho do meu falecido tio Albertino. Sei que, por discordâncias
de opiniões, recentemente se altercou com usuários da página de “Amigos de Várzeas” e, por isso mesmo ele
e a mãe, a minha tia Anunciação –e quem sabe restante família- não marcaram o
ponto. A Internet, ainda que assim não seja, terá de servir de ponte de
desenvolvimento para as coisas boas e não para separar amigos e famílias. Sem
querer dar lições de ética e moral, tenho para mim que, seguindo o exemplo da
Dorinda, sendo mais novos, temos todos de ser capazes de dar a volta mesmo que
seja difícil e por vezes, aparentemente, sejam ofensas graves. Teria de
conceituar o que é grave mas, sem grandes explanações, diria que grave, grave,
é termos, nós ou alguém, uma doença incurável que nos faz antecipar o
conhecimento do fim. Isto sim: é grave. O resto, argumentos, narrativas, pontos
de vista, palavras agridoces como, por exemplo, mandar alguém à merda, ao mato,
ou cagar a Várzeas e limpar o cú à ponte,
tudo junto são minudências que não valem uma pedra da calçada. Vamos lá a dar
um abraço e a esquecer tudo. É a vida, a experiência empírica que nos ensina a
proceder com inteligência. Se assim não for, um dia quereremos a redenção e
será tarde.
Gostei muito de, mais uma vez, ter tido o
privilégio de estar na aldeia onde nasci e aprendi os primeiros passos. Neste
almoço encontrei pessoas que não via há mais de meio-século e troquei um forte
abraço. Espantoso!
Muitos parabéns à organização da família Neves,
sempre uma lição a reter. Um agradecimento ao Marco e ao Fernando e a todos
quantos trabalharam e se esforçaram para juntar tantos amigos varziences. Uma grande
salva de palmas para todos. Um grande abraço do “Toino”!
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