Hoje na Baixa andaram, pelo menos, três
indivíduos a pedir uma moeda para uma instituição, no caso, a Arca da Vida.
Dois deles apresentavam-se com um colete identificativo nas costas e um terceiro
sem nada a indicar o destino das verbas colhidas, sem colete ou cartão,
interpelando os transeuntes ou entrando nas lojas comerciais, através de uma
argumentação de forçar a dar e com comentários depreciativos sobre quem não contribuía,
maltratava verbalmente quem não lhe fazia a vontade.
Francisco Veiga, das Modas Veiga, na Rua
Eduardo Coelho, foi um dos visitados pelo sujeito. “Entrou na loja e, mal-educadamente, sem citar a instituição que
representava, solicitou uma ajuda. Eu disse que não podia porque também estou a
trabalhar para ganhar o meu sustento. O indivíduo, irreverente e a sublinhar as
palavras, replicou: “o senhor é o patrão. Não dá por que não quer! E não há uma
camisa para me oferecer? Você não ajuda ninguém!”. E saiu a remoer por entre
dentes. Uma pessoa, já anda chateada com os nossos problemas, perante uma
atitude destas, fica de boca aberta! Isto é o quê?”
O sujeito, entretanto, interpelou uma senhora
na rua e, como ela não lhe fizesse a vontade, manifestou-lhe bem o descontentamento
na cara. A seguir entrou na sapataria “Hush Puppies”, também na Rua Eduardo
Coelho e, “sem se identificar e com atitudes
grosseiras” demandou Célia Neto, a proprietária. Como ela não lhe fizesse a
vontade, o homem enfatizou: “vocês dizem
que dão mas não dão nada!”. Ainda não satisfeito, depois de se dirigir à porta,
voltou atrás e, olhando fixamente para mim, provocadoramente, continuou a
resmungar. Foi nitidamente uma postura agressiva com uma atitude de afronta.
Foi mesmo malcriado!”
A seguir cruzou-se comigo, e fui eu que o inquiri.
Eu quero contribuir, disse-lhe, mas
para isso o senhor tem de me dar o nome da instituição que representa.
Sentindo-se provocado, primeiro tentou crescer, mas como não lhe demonstrei
receio, depois recuou. Argumentou que não aceitava a minha oferta nem que eu
insistisse muito e que, para além disso, não estava obrigado a referir a
instituição de solidariedade para quem trabalhava. Ai está, está!, argumentei.
Se o senhor não demonstra para mim vai ter de se identificar para a polícia –e à
sua frente liguei para a PSP. Foi então que o sujeito, muito a contra-gosto, de
uma maço de pequenos panfletos, lá puxou um que mostrava “A Arca da Vida” –Associação de
Solidariedade Social – Centro Gratuito de Acolhimento”, com sede em
Folgosa, Maia, e 1ª fase (é assim que está escrito) na Rua Teófilo Braga, 154,
em Mira. Como indicava um número de telemóvel, liguei para a pessoa que me
atendeu. Disse chamar-se Paulo Rodrigues e que este peditório estava autorizado
e, de facto, andavam três elementos na Baixa de Coimbra. Agradeceu o contacto e
que iria ver o que se passava.
Entrementes, veio um guarda da
PSP, o agente Gomes, que tomou conta da ocorrência.
Em jeito de final, para que se aproveite alguma
coisa deste palavreado, talvez fosse altura da direcção da PSP, de Coimbra,
sempre que uma qualquer instituição pratique o acesso ao óbolo, instigue os
agentes policiais a verificar da veracidade de quem o exerce. É que a
recorrência à pedincha, não sendo proibida e por isso mesmo descriminalizado, no
caso de instituições obriga a autorização e à identificação dos mesmos com
clareza e objectividade. O que muitas vezes, tal como agora, o procedimento não
se verifica. Desde o cravanço contra a sida e mais não sei quantos, a Baixa é
constantemente metralhada, espadalhada e violentada. É preciso fazer um desenho do que se passa à vista de
todos? É urgente separar o trigo do joio. Aliás, os maus elementos, que se
aproveitam da ingenuidade das pessoas, só contribuem para desacreditar quem
trabalha para o bem comum.
2 comentários:
Tive hoje a mesma experiência com a Arca da Vida na localidade de Bustos, Oliveira do Bairro. Um senhor entrou-me loja a dentro a pedir donativo, tendo eu explicado que não faço contribuições para pedidos porta a porta. Ele respoudeu que eu devia estar orgulhosa. E eu disse que sim. E foi-me dito que eu não prestava para nada. Ajudei esta instituição durante vários anos, mas o comportamento dos seus colaboradores e a frequência dos peditórios ditaram a minha optção por outras formas de ajuda. Se antes tinha alguma hesitação em não dar dinheiro nestas situações, estou completamente vindicada.
Aconteceu a mesma coisa agora mesmo na Trofa.
Um sujeito a pedir e já vinha de outra loja a dizer asneiras porque não lhe tinham dado nada. Com a abordagem que me fez e eu já ter ouvido o que vinha s dizer é lógico que nada iria contribuir. Fui insultado verbalmente e saiu a ranger os dentes.
Enfim quem fica mal é a instituição...
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