segunda-feira, 15 de junho de 2015

A ARCA OU A VIDA





Hoje na Baixa andaram, pelo menos, três indivíduos a pedir uma moeda para uma instituição, no caso, a Arca da Vida. Dois deles apresentavam-se com um colete identificativo nas costas e um terceiro sem nada a indicar o destino das verbas colhidas, sem colete ou cartão, interpelando os transeuntes ou entrando nas lojas comerciais, através de uma argumentação de forçar a dar e com comentários depreciativos sobre quem não contribuía, maltratava verbalmente quem não lhe fazia a vontade.
Francisco Veiga, das Modas Veiga, na Rua Eduardo Coelho, foi um dos visitados pelo sujeito. “Entrou na loja e, mal-educadamente, sem citar a instituição que representava, solicitou uma ajuda. Eu disse que não podia porque também estou a trabalhar para ganhar o meu sustento. O indivíduo, irreverente e a sublinhar as palavras, replicou: “o senhor é o patrão. Não dá por que não quer! E não há uma camisa para me oferecer? Você não ajuda ninguém!”. E saiu a remoer por entre dentes. Uma pessoa, já anda chateada com os nossos problemas, perante uma atitude destas, fica de boca aberta! Isto é o quê?”
O sujeito, entretanto, interpelou uma senhora na rua e, como ela não lhe fizesse a vontade, manifestou-lhe bem o descontentamento na cara. A seguir entrou na sapataria “Hush Puppies”, também na Rua Eduardo Coelho e, “sem se identificar e com atitudes grosseiras” demandou Célia Neto, a proprietária. Como ela não lhe fizesse a vontade, o homem enfatizou: “vocês dizem que dão mas não dão nada!”. Ainda não satisfeito, depois de se dirigir à porta, voltou atrás e, olhando fixamente para mim, provocadoramente, continuou a resmungar. Foi nitidamente uma postura agressiva com uma atitude de afronta. Foi mesmo malcriado!”
A seguir cruzou-se comigo, e fui eu que o inquiri. Eu quero contribuir, disse-lhe, mas para isso o senhor tem de me dar o nome da instituição que representa. Sentindo-se provocado, primeiro tentou crescer, mas como não lhe demonstrei receio, depois recuou. Argumentou que não aceitava a minha oferta nem que eu insistisse muito e que, para além disso, não estava obrigado a referir a instituição de solidariedade para quem trabalhava. Ai está, está!, argumentei. Se o senhor não demonstra para mim vai ter de se identificar para a polícia –e à sua frente liguei para a PSP. Foi então que o sujeito, muito a contra-gosto, de uma maço de pequenos panfletos, lá puxou um que mostrava “A Arca da Vida” –Associação de Solidariedade Social – Centro Gratuito de Acolhimento”, com sede em Folgosa, Maia, e 1ª fase (é assim que está escrito) na Rua Teófilo Braga, 154, em Mira. Como indicava um número de telemóvel, liguei para a pessoa que me atendeu. Disse chamar-se Paulo Rodrigues e que este peditório estava autorizado e, de facto, andavam três elementos na Baixa de Coimbra. Agradeceu o contacto e que iria ver o que se passava.
Entrementes, veio um guarda da PSP, o agente Gomes, que tomou conta da ocorrência.
Em jeito de final, para que se aproveite alguma coisa deste palavreado, talvez fosse altura da direcção da PSP, de Coimbra, sempre que uma qualquer instituição pratique o acesso ao óbolo, instigue os agentes policiais a verificar da veracidade de quem o exerce. É que a recorrência à pedincha, não sendo proibida e por isso mesmo descriminalizado, no caso de instituições obriga a autorização e à identificação dos mesmos com clareza e objectividade. O que muitas vezes, tal como agora, o procedimento não se verifica. Desde o cravanço contra a sida e mais não sei quantos, a Baixa é constantemente metralhada, espadalhada e violentada. É preciso fazer um desenho do que se passa à vista de todos? É urgente separar o trigo do joio. Aliás, os maus elementos, que se aproveitam da ingenuidade das pessoas, só contribuem para desacreditar quem trabalha para o bem comum.

2 comentários:

Unknown disse...

Tive hoje a mesma experiência com a Arca da Vida na localidade de Bustos, Oliveira do Bairro. Um senhor entrou-me loja a dentro a pedir donativo, tendo eu explicado que não faço contribuições para pedidos porta a porta. Ele respoudeu que eu devia estar orgulhosa. E eu disse que sim. E foi-me dito que eu não prestava para nada. Ajudei esta instituição durante vários anos, mas o comportamento dos seus colaboradores e a frequência dos peditórios ditaram a minha optção por outras formas de ajuda. Se antes tinha alguma hesitação em não dar dinheiro nestas situações, estou completamente vindicada.

Anónimo disse...

Aconteceu a mesma coisa agora mesmo na Trofa.
Um sujeito a pedir e já vinha de outra loja a dizer asneiras porque não lhe tinham dado nada. Com a abordagem que me fez e eu já ter ouvido o que vinha s dizer é lógico que nada iria contribuir. Fui insultado verbalmente e saiu a ranger os dentes.
Enfim quem fica mal é a instituição...