sexta-feira, 11 de abril de 2014

HISTÓRIAS CURTAS E MARCANTES

(Imagem da Web)


HISTÓRIAS CURTAS E MARCANTES

“No dia 27 de Março, último, no meu trôpego andar e agarrado à minha inseparável bengala, estava na paragem da Rua Mouzinho de Albuquerque, no Bairro Norton de Matos, à espera do transporte colectivo, o 24T. Eram cerca de 11h00 da manhã e o dia estava cinzento. Assim que ouvi o refrear dos travões ao meu lado, penetrei no autocarro. Como sempre faço quando entro, cumprimentei o motorista e dei o passe a ler à máquina –já estou habituado a nunca receber um simples olá. Com o tempo habituamo-nos à falta de respeito cultural. Como sou velho, acredito que vale a pena continuar a persistir no erro. E eu teimo! Já tinha dado um passo à frente quando ouvi: “bom dia! Como está?”. Seria para mim? Se calhar… e dei um passo atrás. Era mesmo! Para meu espanto aquele motorista dos SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, olhava os meus olhos com um sorriso tímido. Senti-me gente, pessoa, não um velho imprestável como em outras ocasiões parecidas. Mentalmente, agradeci repetidamente. E sentei-me. Ao meu lado, reparei depois, estava acomodado um passageiro cego. O autocarro, entre curvas e contracurvas, chegou à Rua dos Combatentes e parou. Para minha completa surpresa, num respigo, o motorista saiu do seu lugar e pegando no braço do meu confinante ajudou-o a descer e, com ele, atravessou a rua. Tudo muito rápido e sem nenhuma perda de tempo.
Não pude sair sem lhe agradecer aquele gesto que me encheu o coração. Senti-me menos velho e desamparado. Muito obrigado!”

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito :)