sexta-feira, 4 de abril de 2014

OS VELHOS PRECOCES



OS VELHOS PRECOCES


Há anos que nos vemos e encontramos na rua,

havia sempre um bom dia e brilho num olhar,

agora carregam sobre as costas o peso da Lua,

o mundo da solidão, no seu incomensurável pesar,

transportam o sofrimento estampado na face crua,

espetam no chão a dureza das alpercatas no calcar,

curvados sobre obliquas linhas turvas de amargura,

triste vida, tortuoso caminho, lhes havia de calhar,

os novos velhos envelhecidos que perderam a candura,

fantasmas presos a um tempo com medo a destilar,

são os agora transeuntes que acarreiam a loucura

num destino, sem horizonte, sem esperança de amar,

estão condenados a sobreviver neste inferno de tortura!


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