(Imagem da Web)
Passaram 40 anos sobre o 25 de Abril e festejados
na sexta-feira passada com vários milhares de manifestantes nas ruas. Para uns
foi uma jornada de protesto contra o governo, para outros foi a comemoração da
revolução dos cravos e de que o projeto está vivo e recomenda-se.
Tenho muita pena de não ter participado
nem no contesto nem na celebração da data. E quando escrevo que tenho pena não
digo que foi por impossibilidade. Não! Nada disso! Não fui porque não me
identifico com qualquer das duas motivações. Tenho pena! Com toda a sinceridade
o 25 de Abril trouxe muitas coisas boas mas, como a onda do mar, está levar de
volta tudo o que deu. Por um lado, não alinho nesta forma de protesto partidário,
com os partidos políticos sempre a manipularem a opinião pública e para daí retirarem
dividendos no futuro. Por outro, olhando à minha volta, não me revejo na
recordação para enaltecer seja lá o que for nesta democracia que nos rege,
quando o desemprego, a miséria, a fome, está a invadir a casa de muitos nossos vizinhos.
O que vejo é que os que se encostaram à revolução, os ao tempo capitães,
políticos da época e outros herdeiros em linha recta destes estão todos muito
bem de vida. Reclamam de barriga cheia. Apesar disso, como actores de um teatro
encerrado há muito tempo, continuam a barafustar contra o actual estado de
coisas. Sem ponta de dignidade, buscam apenas os interesses ideológicos
das agremiações a que sempre estiveram ligados. O que me admira é estas
pessoas, estas caras sem-vergonha, que ao longo destas quatro décadas estiveram
sempre a defender os seus interesses pessoais, continuarem a ter eco na sociedade hodierna e conseguirem fazer-se ouvir. Com um despudor escandaloso, chegam a pedir para que se derrube
o Governo através da força das armas. Mais grave ainda é que esta instigação à violência
sendo crime, pela importância destes revoltosos, o Ministério Público faz de
conta que não lê, não ouve, não sabe de nada. Se for um qualquer anónimo está
feito! Quem mais deveria indignar-se é o que está calado e sofre na pele as
agruras deste movimento que ainda não se sabe muito bem ao que vai dar.
Este sistema em que vivemos, e a
que chamam democracia, é um processo continuado, totalitário de controlo da
sociedade, que visa apenas o esbulhar do contribuinte. Cada vez mais somos o
resultado daquilo a que alguns querem que sejamos. O Estado está transformado
numa entidade opressora que, segundo a segundo, vigia o cidadão e desrespeita
os seus direitos constitucionais. Num pasmar de sarcófago ainda se fala e
defende esta liberdade. O valor liberdade,
nestas condições, tem alguma importância?
O que é triste é este entorpecimento
colectivo. Só se reage em massa, como rebanhos de ovelhas. Por outro lado é a
alienação. É o futebol em toda a sua força de massificação embrutecida e o cada
vez mais correr atrás do outro sem pensar na razão que move o primeiro da fila.
Ainda agora neste fim-de-semana
último, na cidade, cerca de doze mil pessoas, pagando 15 euros cada um, novos e
velhos, aceitaram pintar-se de mil cores e participaram numa corrida colectiva
de cinco quilómetros, a “Color Run”.
É óbvio que a decisão de cada um em participar só ao próprio diz respeito, é da
esfera da sua liberdade, mas uma pergunta subjaz: o que é que este tipo de
iniciativa traz de positivo para a sociedade? Mostrar a alegria? Mas nos dias
seguintes já andam a lamentar-se e com cara de enterro! Quem percebe?
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