Hoje,
cerca das 13h00, a cimalha, a parte mais alta da cornija, a moldura em que
termina uma parede junto ao telhado e vulgarmente conhecido por beiral, do prédio
do Café Sé Velha, com frente para a Rua Joaquim António de Aguiar, ruiu.
Segundo um dos empregados do
celebérrimo estabelecimento de hotelaria –e que como ressalva declaro que já
fui dono durante mais de uma dúzia de anos-, o Fernando, mais conhecido por “Avec’s”,
e que ali é funcionário desde 1983, passaria pouco das 13h00 quando se deu o
acidente. “Duas pessoas ficaram feridas”,
uma delas com probabilidades de ter fracturado um braço”, declarou o Fernando.
De salientar que, segundo um
confinante, este edifício “sofreu obras
de restauro há cerca de um ano e pouco”. A verdade é que, exteriormente, se
apresenta bem pintado e com aspecto renovado. Todo o beiral caiu sobre a
varanda do terceiro-andar -destruindo o gradeamento completamente- ocupado por
Arminda Silva, inquilina do prédio há cerca de quatro décadas, e estatelou-se
no empedrado da rua do “Mata Frades”.
Há hora a que fotografei, cerca
das 17h30, o café estava encerrado bem como as lojas de artesanato em redor. O acesso
às zonas limítrofes estava vedado pela PSP para que os bombeiros limpassem o que
ficou suspenso e preso na varanda de Arminda Silva, e para que nenhum
transeunte fosse apanhado pelos detritos provindos das alturas.
Na rua, em frente ao café com o
mesmo nome do largo da ancestral catedral construída na Idade Média, eram
visíveis os restos de telhas e da parede emoldurada. O aparato com agentes, carros
de bombeiros e polícia, eram bem notados na pacata zona -pelo menos durante o dia. À noite nem tanto quanto isso, alegadamente.
P.S. - Ora bem, vamos por partes.
Primeiro, como ressalva, não conheço a actual dona do imóvel –uma vez
que os anteriores, o senhor Marques e esposa -esta tenho a certeza que já faleceu- não sei se ambos ainda estarão entre nós.
Segundo, não escrevi isto no texto, mas é minha forte convicção de que se
tratou de um mero acidente em função da idade do edifício. Isto é, quanto a mim
pelo menos nesta parte, não poderão ser atribuídas culpas ao proprietário. A
questão que emerge é saber porque aconteceu a ruína da cimalha? Para mim, que
já fiz umas obritas e sei -como quem diz- alguns princípios básicos da
construção civil, falta ali ferro para a sua sustentação. Vou explicar melhor.
Se esta construção fosse recente, qualquer empreiteiro saberá que uma moldura
com aquela expressão, com um enorme peso associado, terá obrigatoriamente de
levar verguinhas de ferro a ligar o beiral até à parede. É este procedimento,
ligando o cimento ao ferro, que evita a ruína de qualquer murete ou edifício. Acontece
que o beiral caiu por inteiro, ao longo de toda a fachada, estatelando-se no
chão em mil bocados e, pelo que me apercebi, não eram visíveis sinais de ferro
na cimalha. Se estiver certo, o peso da moldura foi-se descolando da parede ao
longo dos anos e o calor destes dias fez o resto. Quero dizer, portanto, que
estamos em face de uma lacuna do construtor há cerca de um século. É uma teoria
e vale o que valer.
1 comentário:
y yo que soy el italiano que estaba alli abajo, pasando el dia en Coimbra, que me pasa? Quien me paga? El susto, para mi y mi enamorada, he perdido mis oculos de sol, contusao mas una herida, me duele todavia el brazo, medicamientos, riabilitacion!!! Esto no es normal, seguro que no tendré un buen recuerdo de Coimbra.. como para mi ha sido la ciudad de la "casi muerte"....
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