(Imagem da Web)
Durante os últimos dois anos partilhámos os
bons-dias, as boas-tardes, as boas-noites, a chuva nos beirais e o Sol a beijar o chão do nosso largo comum. No Natal veio
dar-me uma garrafinha de bom vinho e embrulhada num sorriso de boas-festas. Chama-me
sempre “Ti Luís”. Porque sou muito despistado nem o seu nome procurei saber.
Não é por nada, mas o respeito mútuo, a amizade solidária, estão muito para além
da denominação social. Vão até ao coração e imbricam na alma. Talvez por isso não me preocupe muito com os apelidos –ou
então é uma grande desculpa que arranjei para justificar a minha lacuna.
Hoje, com votos de “Páscoa Feliz”, veio dar-me uma caixinha
de amêndoas. Mas também para me deixar triste, veio despedir-se com um abraço e um
beijinho. “Mudei-me para um edifício,
para um andar mais cómodo, ali para os lados do Estádio”, diz-me com leve
pesar. Praticamente vai pagar a mesma renda e o prédio tem elevador. “Estas escadas matam a gente, sabe? Dão-me
cabo da coluna! Tenho tanta pena de sair daqui. É um ambiente tão familiar! Vou
mesmo sentir saudades do Largo da Freiria. Mas vou voltar de vez em quando. Acredita?
Não se esqueça de mim!”
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