terça-feira, 15 de abril de 2014

A MINHA VIZINHA PARTIU

(Imagem da Web)


Durante os últimos dois anos partilhámos os bons-dias, as boas-tardes, as boas-noites, a chuva nos beirais e o Sol a beijar o chão do nosso largo comum. No Natal veio dar-me uma garrafinha de bom vinho e embrulhada num sorriso de boas-festas. Chama-me sempre “Ti Luís”. Porque sou muito despistado nem o seu nome procurei saber. Não é por nada, mas o respeito mútuo, a amizade solidária, estão muito para além da denominação social. Vão até ao coração e imbricam na alma. Talvez por isso não me preocupe muito com os apelidos –ou então é uma grande desculpa que arranjei para justificar a minha lacuna.
Hoje, com votos de “Páscoa Feliz”, veio dar-me uma caixinha de amêndoas. Mas também para me deixar triste, veio despedir-se com um abraço e um beijinho. “Mudei-me para um edifício, para um andar mais cómodo, ali para os lados do Estádio”, diz-me com leve pesar. Praticamente vai pagar a mesma renda e o prédio tem elevador. “Estas escadas matam a gente, sabe? Dão-me cabo da coluna! Tenho tanta pena de sair daqui. É um ambiente tão familiar! Vou mesmo sentir saudades do Largo da Freiria. Mas vou voltar de vez em quando. Acredita? Não se esqueça de mim!”

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