sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O "FAIT DIVERS"




 Por amor de Deus não me ofereçam viagens ao mundo do insólito. Pelo amor da santa não me peçam para comentar pequenos erros de homens marcantes no nacional que, tal como eu anónimo, praticam os mesmos deslizes. Só fico contente por saber que do alto da sua majestática importância, como castigo divino, tropeçam na alcatifa como outro homem vulgar. Só isso. Apenas isso! Por outro lado, gostava de ver também estes personagens importantes da nossa história contemporânea a saberem perdoar outros que, sem dolo, sem o quererem foram apanhados nas malhas do destino. Nessa hora, perante estes cidadãos subalternos, estes mesmos homens que agora escorregam na mesma lama imprevisível do acaso, não os vi levantarem uma só voz. Querem um exemplo? Veja aqui.
Voltando a aterrar no dia de hoje, 5 de Outubro de 2012, aparentemente, último gozo de um feriado que não se deveria extinguir, pelas alminhas, não me venham com condenações tendenciosas pelo caso do nosso símbolo nacional ter sido içado ao contrário. Penso que -ou melhor, tenho a certeza- neste momento gravíssimo que atravessamos, este facto, da bandeira de pernas para o ar, é um acessório que está a servir para as pessoas esquecerem o essencial. É preciso concentrarmo-nos todos no que realmente é fundamental. Este incidente, a meu ver, não é. Pode acontecer a qualquer um. Claro que se todos estivessem dispostos a entender assim. Mas não estão. Como guerreiros cegos de ódio, só o sangue fresco da manada os contenta. Pobres almas que não conseguem parar para pensar! Até me admira como é que ainda não pediram a demissão de Cavaco Silva pelo facto de ter virado o estandarte -ou, sei lá, o seu julgamento por traição à Pátria. Cá para mim, que gosto de relativizar e ver as coisas ao contrário, acho que anda tudo louco. Qualquer coisa serve para metaforizar. Quanto mais fogo melhor. O problema é quando esta pira incandescente nos queimar em fogo vivo. Por este andar, não tarda. É só mesmo aguardar o sol dar uma volta à Terra.
Estou cansado. Tenham dó desta pobre alma que sofre. Incomodem-me com assuntos que tem interesse. Não me chateiem com minudências.

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