Inserido nos VI Encontros
Internacionais da Guitarra Portuguesa, uma iniciativa da Orquestra Clássica do
Centro (OCC) com o apoio da CGD, realizou -se no Café Santa Cruz um concerto
com o quarteto de cordas da OCC e o solista Artur Caldeira (guitarra clássica e
guitarra portuguesa). No âmbito da parceria entre a OCC e o Café Santa Cruz,
que se traduz nos designados “Encontros em Coimbra (na Baixa), mostrou-se hoje
neste vetusto estabelecimento um espectáculo de “primeiríssima água”,
parafraseando o maestro Virgílio Caseiro, que fez as apresentações e desejou as
boas vindas ao repleto espaço de restauração, a rebentar pelas costuras, e com
pessoas na rua.
Tendo por pano de fundo a
homenagem a Luiz Goes, recentemente falecido, foram tocadas peças de vários autores, incluindo Artur
Paredes, Carlos Paredes, Luiz Goes e arranjos para quarteto de cordas e
guitarra feitos pelo próprio Artur caldeira e pelo maestro titular da OCC,
David Lloyd.
Quem não esteve nesta tarde na
Baixa perdeu uma grande oportunidade de ver um dos maiores concertos de câmara
ao vivo dos últimos tempos. A comprová-lo foram as ovações a estenderem-se em
largos segundos ou minutos e algumas vezes de pé.
Com a estreia de uma nova peça,
“Em nome da madrugada em Coimbra”, pelo quarteto de cordas da OCC iniciou-se o
serão. Seguidamente, em junção com Pedro Caldeira a desvendar que uma guitarra
clássica se for bem tocada pode chorar e tocar-nos o coração, mostrou-se a
todos os presentes na sala, em que, provavelmente, metade seria composta por
turistas estrangeiros e estudantes de Erasmus e outra metade, parcialmente, por
gente anónima, que nesta cidade capital de várias coisas e mais ainda também há
muito boa música de câmara e de nível mundial. Houve momentos de tal solenidade
que só se esperava ver sair dos recantos do salão encantadoras damas, embaladas
em vestidos armados de seda púrpura, com longos decotes de colos generosos, cabelos
presos na nuca e rostos meios-cobertos com leques de marfim. Durante
precisamente uma hora, lambidas por acordes de encantar, aquelas pedras
carcomidas pelo tempo ganharam vida nova e pareciam sorrir para uma certa dama
e em representação de toda a imensidão de beleza da natureza feminina.
No fim, depois de sessenta
minutos que passaram depressa, ouvia-se repetidamente: “não há mais? Não há
mais? Já acabou? Não pode ser?!”
Numa cidade em que muitos eventos culturais acontecem mas, curiosamente, os munícipes se queixam de não terem tido conhecimento, era altura de se fazer uma base de dados com os frequentadores habituais e, através de mensagem, ser-lhes dada informação antecipada. Não custa nada, ganham todos, e a sua eficácia é garantida.
Numa cidade em que muitos eventos culturais acontecem mas, curiosamente, os munícipes se queixam de não terem tido conhecimento, era altura de se fazer uma base de dados com os frequentadores habituais e, através de mensagem, ser-lhes dada informação antecipada. Não custa nada, ganham todos, e a sua eficácia é garantida.
Parabéns à gerência do Café Santa
Cruz e à direcção da Orquestra Clássica do Centro, na pessoa de Emília Martins,
por terem proporcionado um momento de tão rara beleza.
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