No Sábado passado, por motivo de
estar presente nas exéquias de um meu amigo em Burgo, desloquei-me a Arouca.
Nunca lá tinha ido. Apenas tinha como referência ser a terra de nascimento de
Alberto Hébil, um pintor de Coimbra já falecido e que conheci muito bem, e a
placa de “Convento de Arouca” que se encontra na auto-estrada do norte.
Coloquei-me ao caminho, como quem
diz à estrada, e reparei que a única indicação nesta grande via principal do
país para esta terra é mesmo a do “Convento de Arouca” e absolutamente mais
nada. Ou seja, a meu ver, logo aqui já é patente a lacuna informativa, mas o
inferno estava para começar. Ao longo dos prováveis cinquenta quilómetros que
separam este lindo lugar do interior da estrada do Norte não são visíveis
placas identificativas do sítio. Só mesmo quando chegamos a Oliveira de Azeméis,
na entrada, é que aparece a primeira, mas, depois, misteriosamente perdemos o
rasto à sua continuidade. Até chegar a Burgo tive de sair algumas vezes do
automóvel e perguntar a transeuntes a melhor forma de lá chegar. Uma das vezes
foi a agentes da Guarda Fiscal que me corroboraram a dificuldade labiríntica para
chegar ao meu destino. Depois de perder à vontade mais de meia-hora nestas
interrogações, lá cheguei ao Burgo, que, curiosamente também não tinha a sinalização
a indicar o cemitério.
Bem sei que neste tempo em que,
em princípio, todos têm um GPS naturalmente que assumo a minha falta e, daqui
do meu cantinho, peço desculpa ao senhor presidente da Câmara Municipal de
Arouca por esta minha falta gravíssima. O que quero dizer é que a culpa, a
haver, é mesmo minha porque, como marinheiro, atirei-me ao mar sem bússola. Ora,
neste tempo de modernidade e em que todos devem estar equipados com
instrumentos de satélite, era bom lembrar o senhor edil de Arouca que se
recorde que ainda por lá vi munícipes a conduzirem uma carroça. E estes
cidadãos, tal como eu e tão iguais em direitos quanto outros, merecem o mesmo
respeito igualitário e não podem ser discriminados só por que são desalinhados.
Já para não falar no quanto, turístico e economicamente, estas lacunas básicas
contribuem para os prejuízos local e nacional de um país só aparentemente desenvolvido.
Porque reparei, enquanto percorria a distância meio perdido, o quanto somos bipolares.
Por um lado, temos estradas, embora sinuosas, mas em óptimo estado; por outro,
percorrem-se até ao infinito, gastando mais combustível, sem oferecerem o básico:
a identificação de lugar. E é pena, creio eu, porque, para além de uma terra
linda e com gente simpática, tem lá uns doces maravilhosos. Vou lá voltar, mas
quando o fizer, se ainda não estiver sob as boas graças de Nossa Senhora de
Todos os Satélites, vou com mais tempo.
(Texto enviado ao Presidente da
Câmara Municipal de Arouca)
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