quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A IMPRENSA ESCRITA EM PAPEL NA MAIOR CRISE DE SEMPRE



 Soube hoje que o jornal Mealhada Moderna suspendeu a sua publicação. Nas palavras de alguém que sabe do que fala e que não pedi se as poderia transcrever, e por isso mesmo não identifico a fonte, “O Mealhada Moderna viu-se forçado a interromper para já a publicação do nosso jornal. Não sabemos se conseguiremos ultrapassar as dificuldades por que estamos a passar (…) ou se vamos conseguir encontrar soluções para prosseguirmos o nosso trabalho, mas resta-nos a consolação e a consciência tranquila de termos pautado sempre a nossa actuação por um grande sentido ético e profissional.
O desaparecimento do Mealhada Moderna representará, não temos dúvidas, uma machadada na pluralidade de opiniões que conseguimos fomentar com o nosso aparecimento.”
Ao ler isto da minha fonte senti um corte na alma. Não é por acaso, é que durante cerca de um ano também o Jornal da Mealhada, um outro título da cidade, interrompeu a sua publicação. Ao que me parece, há umas semanas reiniciou o seu aparecimento em banca.
Hoje mesmo o Jornal Público anunciou um despedimento colectivo de 48 trabalhadores de várias secções do diário e, entre eles, 36 jornalistas. “Segundo o comunicado da empresa publicado no site do «Público», este «projecto de reestruturação» deve-se ao «imperativo de assegurar a sustentabilidade» do jornal, «sem comprometer o seu papel como referência independente de informação».
Ora, em balanço, se o jornal Público tendo as bases que detém, financeiras, rede de distribuição e implantação nacional, poderemos interrogar: o que vai acontecer à imprensa local, como é o caso dos dois jornais da Mealhada e outros publicados em pequenas cidades limítrofes dos grandes centros urbanos? Alguém está preocupado com este holocausto que está a dizimar todo o jornalismo? Aparentemente ninguém.
Os motivos destas mortes anunciadas são vários. Começou logo com a extinção do porte pago para os periódicos. A seguir foi a quebra abrupta da publicidade que era o sustentáculo de uma qualquer edição. Depois, como fosse pouco, a quebra de leitores fez o resto, com a crise das famílias a terem de poupar até na compra do matutino ou semanário e a Internet a desintegrar o papel e a fazer a sua substituição. 
Volto a repetir, alguém está preocupado com este holocausto?

Sem comentários: