A senhora Adelaide, uma das
poucas e a mais idosa vendedora de castanhas em actividade na cidade –e que
todos anos repete sem fim que não volta a vender na praça-, com 89 anos, hoje
não estava nos seus dias. À hora do almoço, quando lhe perguntei com estava, no
meio de gatafunhos verbais e um vernáculo disparado a mais de cem, respondeu
assim: “desampare-me a loja que estou “fundida”. Está uma pessoa para aqui a
apanhar chuva e não vende nada! “Carvalho” para isto! Fosca-se! Já devia ter largado
esta merda há muito tempo! Só pode mesmo ser bruxedo. Ai é de certeza! –e olhava
para o lado- filhos de uma grande puta!”
Deixei-a a falar sozinha, antes
que levasse com uma carga de castanhas assadas na tromba, e fui pregar para
outra freguesia. Ainda me apeteceu deixar a tal mensagem optimista, mas achei
mesmo que ali, perante o desespero da velha tremoceira, o melhor era dar à “sola”,
e antes que apanhasse também bruxedo. Vade retro Satanás!
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