segunda-feira, 15 de julho de 2013

MANUEL MACHADO EM ALMOÇO DE FAMÍLIA (1)



Por Arnaldo, Ver-p’ra-além-da-opacidade
(Sempre presente em todo e qualquer jantar desde que convidado)


 O convite foi recebido cá no escritório, via passa a palavra de boca em boca. Tratava-se de um almoço informal no Restaurante Paço do Conde, entre Manuel Machado, candidato à Câmara Municipal de Coimbra pelo partido Socialista, e alguns comerciantes-empresários da Baixa. Objectivamente a convocação foi dirigida ao director do blogue, Luís Fernandes, meu patrão –salvo seja, já que não me paga ordenado há vários anos. Porém, como o gajo é espertalhaço c’mó raio que o parta, mais que certo, para não se querer comprometer politicamente com o promitente, enviou-me ao santuário pantagruélico mais famoso da Baixa de Coimbra para fazer a reportagem. E, então, lá fui eu em missão.
Cerca das 13h30 chegou Manuel Machado com uma curta comitiva. Entre eles poderia ver-se Carlos Cidade, Manuel Claro, Jorge Lemos, Rui Duarte, Carlos Clemente, Jorge Alves e outros.
Enquanto me atirava a um bom naco de presunto e um bom tinto, mentalmente, ia comparando o passado. Se fosse há uma dúzia de anos, atrás, seria um séquito maior que o casamento do filho do Rei de Espanha. A sala principal do Paço do Conde não teria sido suficiente. Os tempos mudam, aparecem outras opções, revolvem-se vontades. Comparando com o virar do milénio, tive saudades do César Branquinho, como diapasão, sempre assertivo, certinho na afinação, e pronto a reunir as tropas para o General Machado poder discursar para uma imensa plateia de lojistas. Perante comerciantes de semblante duro, desta vez, uma mesa corrida ocupava o fundo da casa de repasto. De um universo de cerca de 30 convivas, alguns mais chegados ao aspirante ao poder, estiveram apenas cerca de uma dúzia de profissionais do comércio. As razões de serem tão poucos ficarão sempre no campo da especulação.
 Olhei em redor em busca da diva de todos os encontros políticos do PS, aquela linda mulher, cuja presença emite uma luminosidade maior que Lua cheia em noite de luar: a Inês. Mas a Inês, dos lados do Rio Ceira, não marcou presença. Claro que já nada foi igual, mas, paciência! A vida é feita de encontros e desencontros. É certo que o lado feminino não foi esquecido, mas com uma paridade muito descaída a favor do género masculino. Está de ver que sem aquele raio de luar nenhum almoço do partido da rosa será a mesma coisa.
Depois de todos já terem a barriguinha cheia, enquanto naturalmente se cortava na casaca do executivo da Coligação por Coimbra e mais propriamente no desaparecido em combate Carlos Encarnação e o seu famigerado projecto do Metro Ligeiro de Superfície, passou-se aos discursos de circunstância. Abriu a homilia Júlio Gaspar das Neves. (um momento. Vou ligar o gravador, para ser mais fácil). Vamos ouvir:

Sou tesoureiro da Junta de Freguesia de São Bartolomeu. Trabalho há 12 anos com Carlos Clemente. Apoio Manuel Machado. Há dois ex-presidentes da Câmara que sempre gostei imenso: Mendes Silva e Manuel Machado. Há aqui, neste almoço, pessoas que respeito muito, como, por exemplo, o engenheiro Jorge Lemos. E é tudo. No entanto, se assim continuarmos em grupo, apresentaremos um bom trabalho a realizar. Muito obrigado.
Ouçamos Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra:
 “Muito obrigado pelo convite… embora tenha de pagar (o almoço). Enquanto comerciante, como todos sabem, eu e outros colegas, temo-nos empenhado para tornar a Baixa mais aprazível. Todos sabem que esta zona está muito desprezada. Infelizmente os colegas não aderem às iniciativas. Em relação ao que queremos fazer, a Baixa precisa de um abanão. Como é que se pode elevar a Baixa sem resolver os imensos problemas do “arco-da-velha”? Ou se faz rapidamente alguma coisa pela Baixa ou, caso contrário, teremos um cenário muito triste para esta zona. Por parte da autarquia terá de haver regras claras. Não pode continuar um engenheiro xpto a decidir a seu bel-prazer. A limpeza é outro aspecto fundamental. Terá de haver coimas para quem não cumpre. Há muito estacionamento privado e público na Baixa. Terá é de haver um critério de desonerar os custos. No público, a primeira hora deve ser gratuita. Aos Sábados não se deve pagar. Os preços são muito elevados nos estacionamentos privados e prejudicam toda esta zona comercial. Há também a situação das elevadas rendas praticadas no comércio. Há muitas lojas que os proprietários pedem autênticas fortunas. Por parte da Câmara, é preciso chamar estes senhorios e, cara a cara, dizer-lhes que, tendo em conta a situação de catástrofe, é urgente arrendar os espaços não por x mas por y. O negócio que se faz actualmente não dá para pagar rendas abusivas.
Continua Armindo, agora passando um olhar na cábula, a venda ambulante tem de, uma vez por todas, ser regulamentada. O Bota-Abaixo é um destes casos. Todos temos de pagar. Se lá estão licenciados 5 vendedores não podem permanecer 20 a vender. A Praça do Comércio é outro caso idêntico. Não pode continuar aquele cenário de miséria. Para além disto temos o caso dos monumentos. Numa altura de classificação mundial não podem continuar fechados e abrir à hora que apetece. Ninguém sabe a que horas abrem nem a que horas fecham. Terá de haver um acompanhamento conjunto. Tem de haver informação. O turista anda perdido aqui na Baixa. Precisamos de alguém que nos ajude.”

Por falar em alguém que nos ajude, o senhor leitor vai desculpar mas vou ter de ficar por aqui. Para além de não receber ordenado há vários anos, também não recebo horas extraordinárias. Amanhã, se Deus Nosso Senhor me ajudar no negócio, talvez eu continue a contar o que se passou no Restaurante Paço do Conde, no almoço de Manuel Machado, candidato à Câmara Municipal de Coimbra, pelo Partido Socialista. Se quer saber mais, e tudo o que lá foi dito, peça a Deus que me ampare!

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