sexta-feira, 22 de outubro de 2021

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA

 

(imagem do Correio da Manhã)



Na qualidade de comerciante na Baixa da cidade há várias décadas venho por este meio expôr a V. Ex.ª o seguinte:

Esta noite passada, de 22 de Outubro, seguindo um hábito nocivo que já vem de longe, onde, por exemplo, este ano decorrente uma só loja já foi arrombada seis vezes, mais um estabelecimento Comercial foi assaltado na Rua Eduardo Coelho.

Num momento de tão grande vulnerabilidade económica como se está a viver, de uma vez por todas, é urgente tomar medidas para que os empresários estabelecidos não continuem a sofrer na carne a displicência de quem tem obrigação de zelar pela proteção pública. Refiro, responsabilizo e aponto o dedo ao Comando Distrital da PSP de Coimbra pela omissão.

Obviamente, no papel de incumbente máximo da Proteção Civil no Concelho, como “colaboracionistas” nestes atentados à riqueza privada, culpo também os presidentes da autarquia pelo deixar andar. Só para lembrar, nos últimos vinte anos, 2001-2021, com a passagem de três chefes autárquicos que não deixaram memória, senti-me na obrigação de intervir várias vezes na edilidade, na tentativa de sensibilizar os órgãos autárquicos para uma solução deste problema que atenta contra a liberdade cidadã. Debalde, a resposta foi sempre, o passar a bola para o lado. Isto é, a Câmara passa o ónus para a PSP, esta escuda-se em índices de criminalidade, que, sobre a óptica do comando desta polícia, são sempre baixos para impor uma operação mais musculada. Depois da instalação das câmaras de videovigilância, em 2008, numa tentativa vã de abafar os protestos, passaram a ser estes instrumentos de gravação a arcar com as explicações para os crimes contra o património. Claro que, sendo estes meios de vigília que apenas resultam a jusante – depois do crime consumado -, pela pouca eficácia no raio de cobertura, nunca resolveram o problema de insegurança que se vivia e vive actualmente na Zona Histórica.

O que é preciso mesmo, e de uma vez por todas, é que seja implantado um percurso de vigilância com agentes da polícia a patrulharem a pé durante a noite – e até admito que seja feito pela Polícia Municipal.

Como deve estar recordado, em 11 de Maio deste ano, no lugar de vereador da oposição, questionou o então presidente da autarquia, Manuel Machado, sobre a insegurança que se vivia na Baixa de Coimbra. Poucos dias antes tinha sido subscrito um Abaixo-assinado com dezenas de assinaturas e levado ao conhecimento da Câmara Municipal. Machado refutou a sua descrição catastrófica e afirmou que a Baixa é segura. “Sublinhou que as câmaras de vigilância, agora com novos equipamentos, estão em fase de testes e sob supervisão da Polícia de Segurança Pública e que garante a proteção de dados.” - noticiado, na  altura, pelo jornal online Notícias de Coimbra.

Com as câmaras em funcionamento e, como se vê, pouco a evitar as violações, espera-se um novo encarar a segurança.

Empossado recentemente, e tomado o lugar de presidente de todos os conimbricenses, Dr. José Manuel Silva, espero sinceramente uma outra forma de solucionar este preocupante problema. Como sabe, a segurança interna é um pilar estruturante da Democracia. Sem esta determinação, sem esta garantia de auto-confiança, a economia local, para além de minguar, não avança. De pouco valerá clamar publicamente que queremos uma Baixa mais e melhor para todos, moradores, comerciantes e turistas, se não houver condições para trabalhar.

Vai ser diferente dos seus antecessores, não vai, Senhor Presidente?


António Luis Fernandes Quintans

(Comerciante na Baixa da Cidade)


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