No Céu escuro da minha aldeia, com mil estrelinhas brilhantes embrulhadas num espectáculo de luz, cor e sonoridade, subitamente rebentou o fogo de artifício.
Um morador mais velho, olhando os dias e as noites que lhe faltam para viver, cuja companhia é a televisão, chega à janela e, num misto de incredulidade, tentando perceber o motivo do estourar dos foguetes, interroga: “O Natal veio mais cedo? Já nasceu o Deus-Menino?”
No outro lado da rua, no prédio em frente, alguém assoma à claraboia das águas-furtadas e, num misto de gozo prazeroso, respondeu: “Foi o Facebook que regressou. Estava em baixo. Finalmente! Graças a Deus! Já não sabia o que fazer ao tempo!”
O homem, erguendo os olhos para o firmamento, em solilóquio com seus botões, retorquiu baixinho: “Pensei que era só eu que estava em baixo...”
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