quarta-feira, 27 de outubro de 2021

EDUCAÇÃO: TEMPOS PASSADOS, TRABALHOS DOBRADOS (2)

 



A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.

(Aristóteles)



A Educação é o processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, princípios e valores, crenças e hábitos, ou metodologia de efeito formativo progressivo, quer através do ensino, pedagogia, quer por experiências pessoais adquiridas ao longo da vida que enriquecem de forma saudável e harmoniosa o intelecto, o psicológico e o emocional. Diz-se no vulgo que os pais educam e a escola forma.

A instrução, sobretudo para os progenitores, que sem programa para seguir à letra, numa junção de resultados positivos e negativos, foi sempre uma agulha de dois bicos. Uma das pontas , mais estática, indica para o passado do educador, impondo ao discípulo as suas práticas adquiridas na infância e ao longo da vida. Outro bico da agulha aponta para o futuro. Esta vertente, mais dinâmica, quase sempre influenciada pela cultura do presente, coadjuvada pela leitura e visionamento de imagens virtuais, num igualitarismo planeado e endémico, tende a ser seguidista e alinhada pela formatação social.

A Educação, na sua implementação, tem tendência a acompanhar os sistemas políticos. Se se vive num regime autoritário, mais que certo, a maioria penderá para um nível austero e petrificado nos princípios; se se vive num sistema aberto, democrático, sempre com a grandeza liberdade como bandeira, os valores vão mudando consoante os programas de esquerda ou direita dos governos.

É assim que a geração nascida nas décadas de 1950/60 e que em Abril de 1974, tinha à volta de vinte e menos anos é a última fornada saída do Estado Novo – como se sabe,

um regime autoritário de influência ditatorial europeia.

Conforme me sinto inclinado a indicar, seria de supor que esta estirpe, gerada e criada numa época de grande carência e austeridade, incutisse nos seus filhos a mesma linha educacional intransigente. Mas aconteceu o inverso. Numa reviravolta causada pela Revolução de Abril, estes pais vieram a oferecer e a dar tudo aos seus herdeiros o que não tinham recebido. E porquê? Podemos interrogar? Por vários motivos. Um deles é que, provavelmente, seria uma geração mais esclarecida que seus pais, mais crítica e de construção mental mais prolixa, com uma visão mais alongada do que os seus geradores. Outro, o espírito da ascensão do novo sistema político, mexendo na economia nacional com aumento de salários imposto por lei trouxe uma nova esperança no amanhã – não esquecer que a curto prazo esta desregulação salarial atirou-nos para a bancarrota e intervenção do FMI, em 1982. De repente, por decreto, os portugueses sentiram as carteiras recheadas como nunca tinham visto. A subsequência deste manto diáfano financeiro, no imediato, foi projectar para os filhos uma vida diferente, para melhor, quer em comodidades domésticas, quer numa aposta num ensino que os levasse até à Universidade – possibilidade que a muitos lhes fora negada.



(Continua amanhã)


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