segunda-feira, 25 de outubro de 2021

MEALHADA: O IMPREVISÍVEL RUI MARQUEIRO

 





Em campanha eleitoral nestas últimas autárquicas, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal de Mealhada e recandidato pelo Partido Socialista, deixou no ar que se não ganhasse as eleições para a Câmara Municipal da Mealhada não tomaria posse como vereador.

Perdeu mesmo as eleições para o movimento Independente Mais e Melhor. No dia da transferência, com promessa de outorga e assinatura dos novos membros do executivo, indo contra todas regras de saber perder, não esteve presente na passagem do ceptro. Em vez disso, fez o segundo da lista, José Calhoa, durante mais de quinze minutos, ler uma meia-dúzia de explicações para o motivo de ter perdido o pleito e mais uma dúzia também sobre o que ficou por fazer.

Cá no meu cantinho, comentei com os meus botões: Bolas, Ruizinho, isto nem parecem coisas tuas, homem de Deus! Continuas a criar tabus. O primeiro foi o anúncio da recandidatura. Foram meses e meses a fazer sofrer o pessoal. Nos becos e ruelas da cidade, em zumbidos que pareciam o vento a soprar, não se falava de outra coisa: “O Marqueiro vai ou não vai ser candidato?

Contra todos os prognósticos maioritários, que se inclinavam a que iria escolher o sofá e com os sobrinhos sentados à sua volta, Ruizinho, de Antes, forte e feio, anuncia o imprevisível: Sou candidato.

E eu, no intervalo de uma cavadela para pôr umas alfaces na horta, pensava comigo: o homem tem mesmo pinta. Apesar do mau ambiente à volta, Marqueiro inspira, respira, enche o peito de ar e parecia dizer: pensam que se livravam de mim facilmente, não era? Pois estão bem enganados. Vão ter mesmo de me gramar!

E eu, encostado ao cabo da enxada, a pensar no homem, parecia adivinhar um sorriso de vencedor no rosto do velho matreiro. E, mais uma vez, admirei o espírito de luta do teimoso guerreiro.

Aquando da tomada de posse, fiquei a saber que o velho lutador tinha pedido “uma licença sem vencimento” por vinte dias. E pensei comigo: mais uma vez, meu velho calcorreante das escadas do município, estás a gozar connosco. Vais tomar posse, uma ova! Queres lá saber do lugar de vereador! Estás é à espera que o Governo se decida a nomear o novo presidente da Fundação Mata do Bussaco!

Como se estivesse outra vez pronto a driblar os meus dotes de presciência, adivinhação, Marqueiro tomou mesmo o lugar que lhe cabia por direito no executivo.

A pergunta que se segue é: no caso de não pronúncia na instrução sobre a acusação anónima, Ruizinho vai levar o mandato de vereador da oposição até ao fim?

Algo me diz que a acusação do Ministério Público vai cair – e, com franqueza, gostava mesmo. Nenhuma queixa anónima, sem identificação do autor, deveria ser considerada. E para mais: a intenção do cobarde denunciante, que era apear Marqueiro da cadeira, já foi conseguida. Para quê mais sofrimento? Não chega já?

Gostava mesmo de ver o velho resmungão de sorriso sarcástico a continuar a representar a oposição na bancada do PS/Mealhada.

Com toda a honestidade, faço votos que tudo corra bem.


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