sexta-feira, 29 de outubro de 2021

EDUCAÇÃO: TEMPOS PASSADOS, TRABALHOS DOBRADOS (3)

 




A disciplina é a mãe do sucesso” - Ésquilo



A disciplina na escola pública ou privada “consiste na conduta dos alunos num ambiente escolar, sendo que esta deve agir consoante as normas preestabelecidas pela instituição de ensino. Um aluno indisciplinado é aquele que não segue as regras estabelecidas pela escola” - in Significados.com.br.

A Disciplina está para a educação/formação como a Cortesia está para a Simpatia/Empatia. A educação sem disciplina, em metáfora, é como um automóvel sem travões, leva tudo à frente, sem tomar em conta uma necessária análise auto-crítica que leva à contenção para cada obstáculo que se lhe depara.

Pegando nas teses filosóficas de Rousseau (século XVIII) e Hobbes (século XVII) – em que se discute se o homem nasce bom e é a sociedade que o impele para o mal, corrompendo-o, ou o seu contrário -, qualquer das teorias, já que falamos de bondade, bem contraditadas, são admissíveis. Já quando se fala de disciplina, estou certo, ninguém discorda de que os humanos vêm ao mundo completamente indisciplinados e, para o bem e para o mal, a posteriori, de fora para dentro, são-lhes incutidas as normas societárias vigentes.

Normalmente, quando se fala de Disciplina, inevitavelmente, vem à memória o Serviço Militar Obrigatório, que deixou de ser imperativo em Portugal em 2004, como indesejável e de experiência abominável, sobretudo para os mais novos, que defendem o serviço voluntário - de salientar que um recente estudo do Instituto de Defesa Nacional veio mostrar que os maiores de 45 anos defendem novamente a implementação do Serviço Militar Obrigatório.

Penso não haver estudos a comprovarem que a falta de incorporação obrigatória para todos os mancebos na casa dos vinte anos durante três ou seis meses veio contribuir largamente para uma sociedade mais libertária, displicente e incumpridora das suas obrigações cívicas, legais, morais e éticas, mas não custará admitir que existirá uma relação directa.

Tenho para mim que os políticos responsáveis pela Educação Nacional, que constituíram os Governos após-25 de Abril e até hoje, mesmo os de direita, confundiram sempre disciplina com autoritarismo. E esta troca de conceitos, para além de espalhar uma doutrina endémica e nociva de normas comportamentais à comunidade, incentivando a confusão entre direitos e obrigações, tem sido trágica para a comunidade. É assim que, nos últimos 45 anos, temos vindo a assistir a um esvaziar de tudo o que são competências. Por momentos, pensemos no esboroar de autoridade das polícias – com um demasiado abrangente leque Constitucional de Direitos, liberdades e Garantias – e dos professores, apenas para relembrar a calamidade que se vai avolumando perante os nossos olhos.

(CONTINUA)


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