Pode até parecer que coloquei este vídeo do
vice-primeiro-ministro simplesmente para o desancar. Nada disso! Antes de
continuar e a título de ressalva, declaro que nunca votaria no CDS-PP com este
senhor à frente. Não gosto deste personagem que, desgoste-se ou não, faz parte da
nossa história hodierna e merece respeito.
O que me levou a postar o vídeo foi o facto de,
ipsis verbis, aqui se mostrar, preto
no branco que todo o homem é incoerente. E não se pense que esta qualidade/defeito
é apenas património de Paulo Portas. Custa a admitir mas somos todos assim. Sem
dúvida que uns são mais congruentes e petrificados nos seus princípios –e estou
a lembrar-me de um grande político de esquerda já desaparecido que foi um ícone
dogmático. À distância do seu sumiço do reino dos vivos, poder-se-ia perguntar:
se ele não se tivesse pregado à sua cartilha repetida à exaustão a história
política portuguesa moderna seria como é hoje? Se calhar não! Poderia ser muito
diferente. Quero dizer, portanto, que lamentamos as mudanças de cada um,
consoante o sopro dos dias, mas também criticamos aqueles que, como burros amarrados
à argola da parede não mudam nem que o prédio caia.
Creio que em suma, mesmo não indo
à bola com o ex-director do desaparecido Independente, ele está mais certo do
que Álvaro Cunhal –que foi um personagem marcante da política partidária
portuguesa. O que ganhou o País com a coerência deste grande líder comunista?
Tudo na vida é dinâmico. Coisas e pessoas.
Toda a materialidade está sujeita a um desgaste e influência directa do que a rodeia.
Se nas coisas se assiste a uma erosão natural passiva –uns dizem que é o tempo
que as torna velhas-, nas pessoas apercebemo-nos que embora o ciclo de vida se
cumpra –nascimento, apogeu e morte-, de um modo geral, a durabilidade não é
estática nem passiva. Neste caminhar em ziguezague em direcção ao derradeiro,
há uma busca intensa pelo interesse, reconhecimento e pela salvação. O homem
muda o seu comportamento não por que queira mudar por si mesmo mas porque,
sendo gregário, o ambiente que o rodeia se transforma e o obriga a alterações
comportamentais. Então, dividido entre o interesse egoísta e a auto-defesa, vai-se
adaptando aos novos acontecimentos –ocorrências estas que são sempre resultado,
ou projecção dessas mesmas eventualidades. Contrariamente ao que se diz, não se
pode culpar o tempo pelas modificações que vão reformando tudo o que nos
rodeia. O tempo, se não se convencionasse calendarizá-lo e cronometrá-lo em
fatias seria infinito, seria sempre igual. Só a imaterialidade, o que não se toca ou sente, é interminável.
Tudo o que é massa, tangível, é finito pelas leis naturais, com uma duração
existencial – o que a ser assim nos remete para uma falácia comum quando se
afirma que o Universo é infinito. Se é constituído por matéria só pode ser
finito –ainda que se possa assistir a uma auto-regeneração dos elementos que o
compõem- e um dia, não se saberá quando, poderá ter alterações substanciais que
poderão levar, ou não, ao seu fim.
Para terminar -porque veja-se bem onde
comecei, no Paulo Portas, e fui dar ao Universo- tenho para mim que todo o
homem só é coerente na sua própria incoerência.
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"A angústia do Natal"
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"Muda tudo... até a hora"
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"Se burro dado não serve..."
"A França Socialista"
"Feliz Ano Novo..."
"A inutilidade da pobreza"
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