AS PALAVRAS QUE TE FEREM
Sinto-te tantas vezes carecente de um abraço,
como o mar a necessitar da Lua para o
beijar,
calculo não quereres ninguém no teu
espaço,
no teu silêncio, sentido e só, tento
adivinhar,
ler o teu rosto, em pensamento, cada
traço,
sou como o vedor fixado em busca do
brotar
a água a jorrar da terra, sangue do
seu regaço,
mas tu não dizes nada e continuas a
matutar,
e eu, substituindo as tuas frases de
fracasso,
falo e despejo palavras que vais
interpretar
de outro modo e eu quase me
despedaço,
quero retirar as frases, procuro
explicar,
mas é tarde para recuar, sinto-me
devasso,
tu não dizes nada e, em cisma,
preferes calar,
volto novamente ao princípio, como
palhaço
a fazer rir sentindo a tristeza, o
amargurar,
dou uma risada, a minha vontade é
como o aço,
quero ajudar-te a ser feliz, não vês
o meu olhar?
Será que sentes a minha alma como o
sargaço,
a alga do oceano, oriunda do Japão, a
marear?
As palavras são como as abelhas, têm
melaço,
têm ódio no ferrão e muito amor para
dar.
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