terça-feira, 5 de agosto de 2014

AS PALAVRAS QUE TE FEREM

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AS PALAVRAS QUE TE FEREM

Sinto-te tantas vezes carecente de um abraço,
como o mar a necessitar da Lua para o beijar,
calculo não quereres ninguém no teu espaço,
no teu silêncio, sentido e só, tento adivinhar,
ler o teu rosto, em pensamento, cada traço,
sou como o vedor fixado em busca do brotar
a água a jorrar da terra, sangue do seu regaço,
mas tu não dizes nada e continuas a matutar,
e eu, substituindo as tuas frases de fracasso,
falo e despejo palavras que vais interpretar
de outro modo e eu quase me despedaço,
quero retirar as frases, procuro explicar,
mas é tarde para recuar, sinto-me devasso,
tu não dizes nada e, em cisma, preferes calar,
volto novamente ao princípio, como palhaço
a fazer rir sentindo a tristeza, o amargurar,
dou uma risada, a minha vontade é como o aço,
quero ajudar-te a ser feliz, não vês o meu olhar?
Será que sentes a minha alma como o sargaço,
a alga do oceano, oriunda do Japão, a marear?
As palavras são como as abelhas, têm melaço,
têm ódio no ferrão e muito amor para dar.

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