quinta-feira, 20 de junho de 2013

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE....

Foto: UMA VIAGEM AO NAMIBE

O tema que hoje escolho é inspirado pela minha recente viagem à província angolana do Namibe, em concreto ao deserto do Namibe ou deserto de  Moçâmedes, como esta região é ainda conhecida por muitos portugueses. Tinha o sonho de visitar este deserto, e tive o privilégio de o concretizar recentemente. Neste ecossistema, que revela em toda a sua extensão uma monumentalidade singular, existe uma espécie vegetal que apenas se deixa ver aqui: a Welwitschia mirabilis. Uma planta notável; “um dinossauro do reino vegetal”, inspiradora de longas histórias de paixão e de aventura. 

Para além do interesse científico, confesso que tinha motivações adicionais, em especial porque conhecia bem o espólio das missões botânicas a África, realizadas por professores da Universidade de Coimbra no princípio do século XX.  As viagens históricas e científicas dos naturalistas desta Universidade, constituem uma fonte inesgotável de crónicas por escrever. Destaco, naturalmente, Luís Carrisso, que foi também Director do Jardim Botânico de Coimbra e um cidadão influente  e activo em muitos domínios da vida nacional. Um botânico apaixonado por África que, entre outras coisas, legou à Universidade de Coimbra a tradição do estudo da flora africana. O seu interesse e paixão por Angola, levou-o a realizar três expedições botânicas a esta país, acabando mesmo por falecer na terceira, em 1937, no deserto  de Moçâmedes. 

As fantásticas paisagens que me conduziram até ao Namibe, deixaram-me maravilhada com a força esmagadora de uma natureza que sobrevive no limiar das condições de vida, ao mesmo tempo que me contavam muitas histórias de trabalho e de aventura dos portugueses em Angola. Em pequenas paragens, aventurava-me a curtas descobertas de outras espécies que apenas conhecia – quando conhecia! – dos livros de texto, e deslumbrava-me com as marcas de uma morfologia e fisiologia particulares.  No final de um percurso que me surpreendia em cada curva da estrada, sem que me desse conta, o deserto aproximava-se harmoniosamente do mar  e deixava antever as belas praias destas paragens de África. 

No Namibe, aguardava-nos um colega universitário que apresentou de forma simples a organização e as instalações da instituição que dirigia, e que de seguida nos levou a conhecer algumas das paisagens mais belas deste deserto, em especial os locais onde se encontra a Welwitschia mirabilis. A certa altura, este angolano típico que  sempre ali vivera, confessava-me que tinha nascido em Moçâmedes, numa alusão clara ao seu nascimento num tempo português, justificando  deste modo a sua ligação e as suas afinidades com Portugal. Deixou-me comovida o tom afectuoso da sua expressão. Ao contrário do que poderia antecipar, e que é em grande medida a percepção dos portugueses, esta ligação afectiva e cultural a Portugal está muito viva e bem presente em Angola, um país distante que me fez sentir muito perto de casa. 

Diário de Coimbra, 17 de Junho de 2013


Helena Freitas, sobre o "Último Regresso", disse: 


 "Estou muito sensibilizada para mais este problema do Paolo Vasil. Por isso mesmo, pode contar com o meu apoio pessoal. No que puder contribuir, farei tudo para ajudar."


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