(Imagem da Web)
EDITORIAL: JESSICA, I LOVE YOU
Na quinta-feira da semana
passada, numa cerimónia presidida pelo secretário de Estado do Desenvolvimento
Regional, Manuel Castro Almeida, e uma plateia de notáveis, na Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, foi apresentada a Jessica. Está visto que, pelo nome, é uma
mulher. Mas não é uma mulher qualquer. Especulo que, pelos olhares libidinosos
dos presentes que vieram fotografados nos jornais, deve ter tudo o que outra
qualquer não tem. E o mais importante é que, ao que parece, tem dinheiro a
rodos. “Eurórios” para espalhar ao pobretão tão sequioso de amor mas muito mais
de pilim. “Cinco milhões”, parecia
dizer o secretário de Estado como pregoeiro de um leilão de vaidades de
lantejoulas a brilhar na noite escura. E os eleitos, ali em representação do
povo, bateram palmas. Ninguém se lembrou que esta mulher de prazeres
imediatistas, a médio prazo, nos vai levar ao charco. Ou seja, para a tomarmos
nos braços em prazeres suspirados dá-nos cinco milhões, mas para a mantermos,
em casamento de cartório ou amante em união de facto, custa-nos 13 milhões. Mas
o que importa isso? Se à sua custa até se vai construir um parque de
estacionamento e uma residencial para estudantes? Claro que a dona Adelaide, a
vender tremoços e pistachos na Praça 8 de Maio, interroga: “mas, almas de Deus,
será que é mesmo preciso estoirar tanta massa, ainda por cima, num
estacionamento –havendo tantos na Baixa e com excesso de oferta- e uma
residencial para estudantes, quando já há até um projecto privado para esse fim?
E a reabilitação dos imóveis particulares, senhores?”. Não se sabe por que
meios, saída da Igreja de Santa Cruz uma voz rouca imaginariamente nossa
conhecida, de um qualquer conquistador que batia na mãe, exclamou: “cala-te,
velha, danada, que não sabes o que dizes! Fecha-me essa boca antes que leves um
sopapo!”
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